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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

POSSES NO PAÍS

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Dez mais ricos têm metade do patrimônio no Congresso

Do total de R$ 1,6 bilhão em bens declarados pelos 567 parlamentares empossados ontem, R$ 792 milhões estão em nome de apenas uma dezena de congressistas. Veja a relação dos multimilionários
A elevada concentração de renda no Brasil está explícita no novo Congresso. Metade de todo o patrimônio declarado pelos 567 congressistas empossados ontem (1º) está nas mãos de apenas dez parlamentares, ou seja, de menos de 2% dos eleitos em outubro na Câmara e no Senado. Do montante de R$ 1,6 bilhão em bens declarados pelos 513 deputados e 54 senadores, R$ 792 milhões estão em nome desse pequeno grupo de multimilionários.


Os dados fazem parte de levantamento feito pelo Congresso em Foco com base em informações prestadas pelos então candidatos à Justiça eleitoral. Na média, cada parlamentar declarou possuir R$ 2,9 milhões em imóveis, empresas, fazendas, veículos, objetos de arte, dinheiro em espécie e aplicações financeiras, entre outros bens.
O parlamentar com maior patrimônio declarado vem do estado com pior índices de desenvolvimento humano (IDH) e uma das menores rendas per capita do país, Alagoas. De volta à Câmara após quatro anos, o deputado João Lyra (PTB-AL) tem uma fortuna declarada de R$ 240,39 milhões.

O petebista, que já foi senador, é dono de um império que reúne mais de dez grandes empresas no estado, entre as quais usinas sucroalcooleiras, fábrica de fertilizantes, empresas de táxi aéreo, de comunicação e concessionária de veículos. A renda per capita gira em torno de R$ 6 mil em Alagoas, estado com um dos maiores índices de analfabetismo e mortalidade infantil do país.

O grupo dos maiores milionários do novo Congresso é formado por seis deputados e quatro senadores. Há representantes das cinco regiões do país e de dez estados. São três do Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), dois do Sudeste (São Paulo e Minas Gerais), dois do Nordeste (Alagoas e Ceará), dois do Norte (Amazonas e Rondônia) e um do Sul (Paraná). Eles são de cinco partidos políticos: três do PMDB, dois do PR, do PP e do PSDB e um do PTB. Não há nenhuma mulher entre eles.
A força do agronegócio
Depois do deputado João Lyra, o dono da maior fortuna é o senador Blairo Maggi (PR-MT). O ex-governador de Mato Grosso é proprietário do Grupo Amaggi, um dos maiores produtores e exportadores de soja do Brasil, com negócios em diversas atividades econômicas, incluindo logística de transportes, pecuária e produção de energia elétrica.

Blairo já foi considerado o maior produtor individual de soja do mundo, responsável por 5% da produção anual do grão brasileiro. Em 2005, o então governador foi “homenageado” pela ONG Greenpeace com o prêmio Motoserra de Ouro. A organização não-governamental acusou o então governador de contribuir com o desmatamento para plantar soja no estado.

O terceiro mais rico também tem fortes ligações com o agronegócio. Reeleito para o segundo mandato consecutivo, o deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR) informou ter R$ 95,7 milhões em bens. Mais da metade da riqueza do paranaense tem como origem cotas da Diplomata Industrial e Comercial, uma das maiores produtoras de aves para abate do país.

Mabel e Maluf
Entre os multimilionários estão o deputado Sandro Mabel (PR-GO), dono do quinto maior patrimônio declarado, com R$ 70,9 milhões. Candidato derrotado na disputa pela presidência da Câmara ontem, o deputado é dono da fábrica de biscoitos e roscas Mabel.

Logo atrás dele, aparece o deputado Paulo Maluf (PP-SP), com R$ 39,4 milhões em bens. Em março do ano passado, Maluf entrou para o chamado livro vermelho da Interpol. O deputado pode ser preso se deixar o país. Ele foi denunciado por um promotor de Nova York por suposta “conspiração com objetivo de roubar dinheiro da cidade de São Paulo a fim de possuir fundos no Brasil, Nova York e outros lugares, e ocultar dinheiro roubado". Maluf nega a acusação. Ele conseguiu a vaga na Câmara após reverter uma condenação na Justiça em São Paulo, que havia barrado sua eleição com base na Lei da Ficha Limpa.

O poder econômico dos parlamentares reflete a concentração de riqueza no Brasil, um dos países com pior índice de distribuição de renda no mundo. Embora a distância entre pobres e ricos tenha caído nos últimos anos, pesquisa divulgada em 2008 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que os 10% mais ricos no Brasil concentram 75% da riqueza produzida no país.

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