ALTO DO RODRIGUES
Relembrando a História, encontramos em nossos arquivos várias histórias interessantes e vamos começar pelos antigos poetas que o município teve, que se manifestaram sempre através dos cantadores e dos cordelistas, João Galo é o nosso primeiro personagem.
João Bezerra da Rocha
Conhecido por João Galo, que registrou em versos os grandes fatos da Várzea do Açu, como a história de Manoel Torquato, a tragédia do Rosário, as grandes cheias do rio Açu, indo mais para ale, e cantando, em versos, os embates eleitorais, como a derrota de Aluizio Alves, em 1982, por José Agripino Maia, e muitos dos seus contemporâneos e nos folhetos que publicou, alguns talvez existentes nos baús dos mais, ou menos cuidadosos saudosistas.
Aluízio Alves era uma espécie de barbatão imbatível. Depois que derrotou Dinarte Mariz com todo o seu potencial, passou a ser um mito populista e derrubou todas as dinastias eleitoreiras do Rio Grande do Norte. E sua fama se representava nos mais ousados gestos populistas, como andar em jerico, fantasiado de cigano, embalado pelas diversas letras musicais populistas que o transformaram em mais um mito.
Apresentava-se arrogante, populista, afirmando imbatível, e desafiando concorrentes por mais carismáticos e poderosos que fossem. A sua derrota para José Agripino, em 1982, quando ambos concorriam ao governo do Estado, transformou-se num fato dos mais fabulosos em todo o Rio Grande do Norte. Na Várzea do Açu, então, nem é bom falar.
E João Galo não deixava passar tamanha epopéia. Num projeto de cordel, em quarenta e duas estrofes, de seis versos, descreveu a quebra do mito Aluizio Alves. Como tantos outros fatos épicos, ocorridos na região, João Galo publicou a sua crônica, a seu modo, quando o episódio ainda latejava na memória e nas emoções populares, de onde sacamos, para amostragem, alguns versos, assim:
Leitores, mais uma vez
Peço a deus que me dê tino
Para desdobrar em versos,
Por capricho do destino
Sobre a perda de Aluizio
E a vitória de Agripino.
Com a história do voto,
Mesmo debaixo do pano,
Foi que o povo acabou
O feitiço do cigano,
Porém o seu resultado
Foi de entrar pelo cano.
Porém o jovem de hoje
Que tem o segundo grau
Não vai mais para conversa
Nem lábia de Bacurau
Já sabe dar a resposta
Pra camelô levar pau.
Camelô de feira livre
Que faz sua propaganda
Enrolando todo o mundo
Deixando a honra da banda,
Porém o povo hoje faz
O que a consciência manda.
Aluizio pensava em ter
Sua grande multidão,
E o povo fazia sempre
Aquela aglutinação,
Tudo foi pelo contrário
Ficou ele em contramão
Aluizio que pensava
O povo inda está maluco
Como nos anos 60,
Que ele como todo o suco,
Porém em 82
Veio cair no cavuco
E comemorando a vitória de Zé Agripino sobre Aluizio Alves, encerrou assim:
Vou dar viva a João sem medo:
Viva João do coração!
Viva João da eleição
Viva João da eleição
Que foi para ele um brinquedo
Desenrolou o enredo
De um caboclo bem esperto,
Com Furtado e Odilon,
Cantando com um bom tom
Dou viva a Carlos Alberto.
Com informações do livro de Gilberto Freire de Melo, sobre o Alto do Rodrigues.
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