ANIVERSARIANTE DO DIA
Republicado o artigo de Jean Fernandes no jornal Gazeta Popular, onde homenageia a filha Gabi Gavioli, aniversariante do dia.
Do alto de seus um metro e quinze centímetros, lá estava ela. Olhar determinado como o de uma Madona Italiana, lenço branco na cabeça, escondendo seus lindos cachinhos castanhos, Gabriela Gavioli, brincando de arrumar a casa, passando levemente um pano de sobre os nossos poucos móveis.
Sua tarefa, aparentemente sem importância, lhe ocupava o tempo, fazendo com que eu observasse minha filha de uma maneira especial a partir daquele dia. Lembro-me de seus lindos olhos castanhos tomados por um brilho diferente. Pareciam duas fontes de luz, a clarear, não só a pequena sala de estar, mas toda a casa naquela tarde agradável de dezembro. As alvas e pequeninas mãos se movimentaram de um lado para outro, como a espantar toda a tristeza do mundo. A boca, pequena e vermelha parecia uma harpa celestial, cantarolando equanto a faxina de brincadeira era feita.
O tempo passara rápido como um raio. Eu já era de uma menina de cinco anos e outro rebendo à caminho. Paulo, previsto para chegar em janeiro. Isso me fez rever alguns conceitos sobre o tempo da jornada em que todos estamos inseridos. Deveria aproveitar, a partir daquele dia, cada hora, cada minuto, até mesmo os segundos da existência, aprendendo a valorizar esses pequenos acontecimentos do cotidiano, amando, servindo e trabalhando. Pois só o trabalho constante, o desejo de fazer sempre o melhor e o bom e velho amor nos remetem a um estado de felicidade plena e intransferível.
Gabriela, poderia crescer, casa e ter seus próprios filhos, mas aquela doce visão de minha pequena brincando iria ficar gravada na retina da alma para sempre.
Tomei minha menina nos braços em meio àquela bagunça que só as crianças sabem fazer, dei-lhe um beijinho doce e disse o quanto eu a amava. Foi embaraçoso responder a inesperada pergunta:
- Painho, por que você está chorando?
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