CURIOSIDADE
A dama do sadomasô
Chicotinho era pouco para a sacana Theresa Berkley. Ela inventou mil e uma maneiras de dar prazer e dor no seu bordel.
As paredes da casa de número 28 da Charlotte Street, no Soho, bairro de Londres, eram grossas. Afinal, no discreto ramo de madame Berkley, não ficava bem que os passantes, na rua, ouvissem os gritos dos clientes da pioneira do sadomasoquismo.
Naquele dia, em 1836, porém, a casa estava silenciosa. Theresa Berkley tinha falecido. Morte súbita e inesperada, pois ainda era jovem. O responsável por seu testamento, um certo doutor Vance, chegou apressado e nervoso à rua Charlotte. “Onde está o cofre de Theresa?”, perguntou para um criado. Era ali que miss Berkley guardava todos as cartas, nomes e recibos dos clientes do seu bordel. O doutor queimou toda a papelada.
A história da Inglaterra poderia ter sido outra – e muito mais escandalosa – se a correspondência de Theresa Berkley tivesse sido preservadas. O seu não era um bordel qualquer, mas um lugar especializado em tortura e flagelação. Reza a lenda que algumas das figuras de maior destaque da nobreza britânica eram clientes do exclusivíssimo local.
Tudo começou em 1718, quando foi publicado anonimamente na Inglaterra o livro chamado Tratado sobre o Uso do Açoite, de teor claramente pornográfico. A moda se espalhou com o tempo pela Europa continental, com o nome de “vício inglês”. Ninguém gostava mais de apanhar na cama do que os conterrâneos de Berkley.
Theresa não ficou só no chicotinho. Ela usava diversos tipos de varas, flagelos com diversas pontas de metal, agulhas e, acima de tudo, a sua obra-prima macabra: o Cavalo de Berkley. Quem o descreveu foi um nobre inglês vitoriano aficionado em sacanagem, chamado Henry Spencer Ashbee. Era uma espécie de pau-de-arara móvel, que podia ser girado 360 graus na horizontal e vertical.
Sem muito esforço, a madame – ou as moças e os rapazes que trabalhavam para ela – infligiam a dor exatamente no ponto desejado pelo cliente. Segundo Ashbee, muitos nobres exibiam com orgulho as marcas e as cicatrizes deixadas pelas torturas de madame Berkley. Havia na Londresde então diversas casas especializadas em flagelação, como as da senhora Collett e da senhora Emma Lee.
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