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domingo, 9 de setembro de 2012

ARTIGO

A diferença de dois 7 de setembro

Divulgação
Ney Lopes
 
O 7 de setembro de 2012 foi bem diferente da euforia esbanjada no 7 de setembro de 2009.
 
Em 2009, no estilo verborrágico da época do “petróleo é nosso” da década de 50, o então presidente Lula, em pronunciamento nacional de rádio e TV, anunciou que “o paraíso” acabara de chegar ao país, com as descobertas no fundo do mar das reservas de petróleo do “pré sal”, equivalentes a dez morros do Corcovado, empilhados.
 
Em 2012, pela primeira vez, a Petrobrás registra prejuízo. Com a produção estagnada, a estatal importa derivados para suprir o mercado interno, principalmente diesel. 
 
O déficit da nossa balança comercial do petróleo será negativo, em cerca de US$ 8 bilhões este ano. 
 
O Brasil vai comprar mais que vender. Em 2011, o déficit já foi de US$ 5,5 bilhões. 
 
Ao alardear a criação de um fundo com o “dinheirão” do pré sal (já haviam à época noticias de pesquisas em poços secos), virou-se no palanque para a sua então Ministra Dilma Rousseff e disparou o conselho: “não temos o direito de pegar o dinheiro que vamos ganhar com esse petróleo e torrar no Orçamento da União. Vamos cuidar dos pobres”. 
 
Nas entrelinhas, Lula deu a “boa nova” de que o Brasil acabara de entrar na OPEP... Ufa!
 
A diferença é que na década de 50, o petróleo realmente existia. O “paraíso” do pré sal até hoje continua uma incógnita. 
 
Só tem dado prejuízo à Petrobrás, por atrapalhar o desenvolvimento de outros campos de produção. 
 
Já está perdida a premonitória auto-suficiência atingida em 2006. 
 
Em 2006, de capacete, macacão de trabalhador e mãos sujas de óleo, o presidente Lula, com pompa e circunstância, inaugurou em Campos a plataforma P-50, com capacidade para 180 mil barris diários. 
 
Hoje extrai 70 mil. O resto é água. 
 
O técnico Wagner Freire, ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras, opinou que o pré sal “não é essa maravilha toda”. A produção do pré-sal estagnou em julho, com 172,8 mil barris/dia. Representa 10% da produção total de petróleo no Brasil, segundo dados da ANP.
 
A verdade incontestável é que o progresso da Petrobras ocorreu após a lei 9.478, em 1997. Na Câmara dos Deputados fui o relator da emenda constitucional, que permitiu a regulamentação dos leilões de áreas, no segmento de exploração e produção, preservada a hegemonia da Petrobrás. 
 
À época foi violentíssima a pressão dos grupos radicais. Sofri ameaças de agressões físicas de “pelegos” locais. 
 
Não me intimidei. Enfrentei todos eles, sem temor. 
 
Posteriormente, com a vigência da lei 9.478/97, a mudança desmentiu os “pseudos” progressistas. A Petrobrás cresceu e surgiu a Agência Nacional do Petróleo (ANP), como agente regulador. 
 
A estatal com maior liberdade bateu todos os recordes de lucro e produção de petróleo. Afastaram-se as interferências políticas e abriram-se as portas para parcerias confiáveis. Infelizmente, esse passado recente não existe mais no presente.
 
É difícil o momento atual da Petrobrás, até em razão da conjuntura mundial. 
 
Entretanto, nada está perdido. 
 
A empresa irá superar as dificuldades e o próprio “pré sal” poderá ser retomado sem arroubos e ficções, com planejamento e firmeza de metas a serem atingidas. 
 
Dependerá apenas da vontade política e pragmatismo do governo. Aguardemos!
 
Ney Lopes
Jornalista, advogado e ex-deputado federal 
www.blogdoneylopes.com.br

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