SÃO PAULO
TJ-PR vai gastar quase R$ 1 mi em apenas 5 carros; corregedor fala em segurança de funcionários
O TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) abriu licitação para comprar
cinco veículos com “tração nas quatro rodas, faróis de xenon,
revestimento em couro, banco do motorista com acionamento elétrico,
ar-condicionado digital, GPS e CD player com MP3 e entrada USB”, segundo
descrição do edital 67/2012.
Cada um poderá custar, no máximo, R$ 189.475, o que pode somar R$
947.375 na compra dos cinco carros. O edital está à disposição dos
interessados no site do TJ-PR até o próximo dia 2, quando será realizado
o pregão eletrônico.
Será a segunda compra de automóveis para servir à cúpula do Poder
Judiciário em 2012. Este ano, o tribunal adquiriu, por R$ 4,5 milhões,
90 veículos Renault Mégane para uso dos desembargadores. Esses carros
também contam com motoristas.
À época da compra, o presidente do tribunal, desembargador Miguel
Kfouri Neto, argumentou que veículos com motoristas são necessários para
a “segurança dos desembargadores”.
Pelo mesmo motivo, há outra licitação em andamento: estuda-se gastar
até R$ 177.375 na “eventual prestação de serviços especializados de
blindagem em até três veículos Renault Megane de propriedade do TJ-PR”,
diz outro edital de pregão eletrônico, o 50/2012.
Enquanto isso, relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça),
divulgado na edição desta quarta do jornal “Gazeta do Povo”, afirma que
“atrasos processuais, infraestrutura deficiente e falta de pessoal são
uma constante no Judiciário paranaense”.
Segundo reportagem do diário, ao longo de cinco dias integrantes do CNJ
percorreram unidades do Judiciário paranaense coletando informações e
avaliando suas condições de funcionamento.
Algumas conclusões: processos antigos (um deles, de 2004) que sequer
foram designados a um juiz, falta de espaço para documentos, ausência de
estrutura para fiscalização de cumprimento de penas --na Vara de
Execuções Alternativas da região netropolitana, 1.500 processos não
estavam sendo fiscalizados por esse motivo, na visita feita pelo CNJ.
De acordo com a “Gazeta do Povo”, o CNJ elencou “um conjunto de
sugestões e determinações para dar mais agilidade à Justiça paranaense”.
Ao jornal, o TJ-PR informou que “que todas as providências para atender
as determinações do conselho já estão sendo tomadas.”
Outro lado
Procurado pela reportagem do UOL, o corregedor-geral
do tribunal, desembargador Noeval de Quadros, afirmou, em nota enviada
por sua assessoria, que “a compra dos veículos é justificável.”
“O TJ-PR tem hoje 160 comarcas e mais de 900 juízes. A corregedoria
está todas as semanas na estrada, com seus juízes, assessores,
corregedores, para cumprir a tarefa de inspecionar todos os serviços e
tomar as medidas para resolver os problemas que acontecem diariamente”,
argumentou.
A nota assinada também questiona o valor de R$ 189.475 estipulado como
preço máximo a ser pago por veículo. “É um valor estimado, por alto, que
não corresponde ao valor que o tribunal pesquisou.”
Questionada a respeito, a assessoria do TJ-PR não soube responder
porque o valor máximo da concorrência é superior ao “valor que o
tribunal pesquisou”, como informa o próprio corregedor.
“É dever do tribunal promover a segurança das pessoas que viajam, em
serviço de correição (termo utilizado para se referir a inspeção em
comarcas) ou a serviço da presidência”, diz a nota.
Segundo Quadros, “o TJ-PR tem o cuidado de renovar a sua frota, de modo
a proporcionar mais segurança aos que viajam a serviço. Por isso, está
licitando veículos novos, resistentes, bem revisados, para essas
viagens. São automóveis confortáveis, para permitir viagens longas. Como
viajam várias pessoas (um corregedor, cinco juízes auxiliares e cinco
assessores correicionais, além dos motoristas), os veículos têm de ser
grandes e ter espaço para o material de correição (arquivos, processos,
computadores e malas dos ocupantes).”
O corregedor justifica a necessidade de alguns opcionais exigidos pelo
edital. “Precisam ter GPS porque os motoristas não conhecem todas as
estradas e destinos, bem como endereços de todas as unidades judiciais
(são 250 prédios no Estado) e extrajudiciais que têm de ser fiscalizadas
em cada comarca. É recomendável que tenham air bags laterais, para
prevenir ocorrências. O componente mais caro desse veículo é o controle
de tração, que previne a aquaplanagem.”
Por fim, argumenta o corregedor, “o investimento em segurança se
justifica plenamente porque o TJ não pode facilitar, quando muitas vidas
estão diariamente em risco, em estradas cada vez mais perigosas. A
administração do TJ está se antecipando e adquirindo esses veículos que
serão usados apenas em 2013. Na atual gestão, o corregedor, os juízes
auxiliares e assessores correcionais continuarão viajando com dois
veículos Zafira, ano 2010 e uma van, ano 2008, está com mais de 80 mil
km rodados.”
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