ESTADO
Nélter Queiroz: “Tenho medo de morrer”
“Pela primeira vez na minha vida, eu estou com medo de morrer”. O
desabafo é do deputado estadual Nélter Queiroz (PMDB). Numa conversa com
um interlocutor, testemunhada pela reportagem d’O Jornal de Hoje, o
parlamentar se queixava de não possuir mais privacidade por ter que
andar acompanhado de policiais do Batalhão de Operações Especiais da
Polícia Militar (Bope) e demonstrou ter medo de que algo venha ser
tentado contra a sua vida.
Desde que a Polícia Civil do Rio Grande do Norte desvendou uma série
de crimes ocorridos no interior do Estado, prendendo integrantes de um
suposto grupo de extermínio, o parlamentar anda escoltado por policiais.
No curso das investigações, escutas telefônicas revelaram a intenção da
quadrilha, com ramificações políticas em municípios da região, de
assassinar o deputado estadual, que exerce liderança local.
Ao escutar a revelação do deputado, a reportagem o abordou e
perguntou se ele poderia falar ao jornal sobre o que tinha acabado de
dizer ao interlocutor, entre cafezinhos e água mineral. Nélter Queiroz
disse que preferia não conceder entrevista para falar das ameaças de
morte que sofreu.
Mas continuou conversando e disse que, apesar de estar
satisfeito com o resultado das urnas, porque contribuiu com a eleição
de 21 prefeitos dos 25 que contabiliza como seus “aliados políticos”,
não está feliz.
Nélter Queiroz reclama ter perdido a sua privacidade por andar sempre
escoltado. E tem evitado comparecer a eventos políticos com grandes
aglomerações. “Fui forçado a renunciar minha presença nos municípios. Na
última sexta-feira, desisti de participar da vigília em Alto do
Rodrigues. Também cancelei minha ida para a festa da vitória em São
Rafael. Passo o melhor momento político da minha vida, mas não estou
desfrutando disso”, disse o deputado.
SEGURANÇA
O deputado Nélter Queiroz está sob proteção do Bope desde que escutas
telefônicas revelaram a intenção em assassiná-lo. A segurança foi
requisitada pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ricardo
Motta, e concedida pelo secretário da Segurança Pública e da Defesa
Social, Aldair da Rocha. Policiais fardados, armados e em viatura
caracterizada do Bope, a tropa de elite da Polícia Militar, acompanham o
deputado.
A motivação do crime, de acordo com o que apontou a investigação da
Polícia Civil, seria a cobrança de Nélter para que um homicídio cometido
na região fosse esclarecido. O grupo não teria gostado e planejou a
execução do parlamentar, oferecendo R$ 50 mil a dois pistoleiros,
segundo apurou a polícia.
O suposto plano não foi executado porque os
homens contratados não cumpriram o acordado. A polícia afirma que Paulo
Douglas e Vanderlei Ulisses foram mortos pela quadrilha por não
cumprirem o planejamento de matar o deputado. Os dois homicídios foram
registrados em 2011.
Para a Polícia Civil, em linha argumentativa reforçada pelo
Ministério Público Estadual, o presidente da Câmara de Vereadores de
Assu, Odelmo de Moura Rodrigues, que está preso com outros três
acusados, seria o chefe de uma quadrilha com atuação na Região Oeste do
RN.
O chefe da Divisão de Polícia do Oeste, delegado Odilon Teodósio, é
responsável pela investigação e, nos últimos dias, não tem mais falado a
respeito do trabalho da sua equipe, para não atrapalhar as
investigações.
portaljh
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