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terça-feira, 30 de outubro de 2012

REFLEXÃO

UM PLANO DIRETOR DE ÁGUAS, POR FAVOR!
Públio José – jornalista

Passada a fase mais emocional da atual campanha eleitoral, é hora de se tratar dos problemas da cidade com mais racionalidade e precisão. Durante o primeiro turno, o grande número de candidatos a prefeito levou o eleitor a divisar com dificuldade o eixo principal das idéias dos postulantes, a essência de seus programas de governo. 

Como a seleção brasileira – da qual ninguém mais dá conta de sua formação, tantas são as escalações diferentes – as propostas dos candidatos a prefeito de Natal se perderam num emaranhado de exotismos, oportunismos e inexequibilidade, trazendo o eleitor tonto e sem condições de separar o joio do trigo. 

Claro que algumas propostas interessantes apareceram, porém sem condição de se firmar na mente do eleitorado em função da enxurrada de informações que lhe foram jogadas em curto espaço de tempo, e que o impediu de analisar as questões com mais profundidade.  

Agora, com apenas dois candidatos, tudo leva a crer que seus programas de governo sejam mais esmiuçados e observados com mais rigor. Enfim, que haja mais análise crítica e menos oba-oba. De todo modo, ao longo da campanha, vários temas importantes foram abordados, com destaque para saúde, educação, recuperação da malha viária, regularidade na coleta do lixo e recuperação da capacidade de investimentos da Prefeitura. 

Sabemos, todos, que tais assuntos são por demais importantes para a vida da cidade, porém não são os únicos. Como candidato a vereador, aproveitei a campanha para levantar algumas questões que julgo inadiáveis e imprescindíveis para a cidade e cujo encaminhamento se faz tão ou mais necessário do que os outros assuntos abordados. Refiro-me a questão da água de Natal. Um elemento importantíssimo que passou despercebido na primeira fase da campanha.

Sobre água escrevi artigos, dei entrevistas e formulei proposta para criação do Plano Diretor de Águas de Natal – ninguém prestou atenção. Por ele, serão executadas ações destinadas a tornar a cidade um ponto de referência no que diz respeito à preservação, tratamento, distribuição e consumo do produto. 

O Plano Diretor de Águas de Natal seria um verdadeiro guarda-chuva que englobaria inúmeras ações, com destaque para as obras destinadas à manutenção, reparo, melhoria e expansão da rede coletora e distribuidora de águas (uma vez que a rede atual já conta com mais de 50 anos de uso, portanto, totalmente inapropriada e defasada para a planta atual da cidade), e que abrangeria também ações educacionais, ambientais, institucionais, jurídicas, legislativas, comerciais, promocionais, se constituindo numa verdadeira bíblia a nortear autoridades e demais envolvidos com o assunto.

Hoje se sabe que a água de Natal está na UTI. Segundo dados mais recentes, mais de 70% dos poços que abastecem a população estão com níveis de contaminação acima dos recomendados pela Organização Mundial de Saúde; hoje se sabe que a água que sai das torneiras natalenses é um composto terceiro-mundista de nitrato e coliformes fecais; hoje se sabe que as altas taxas de doenças gastrointestinais e da alta incidência de câncer do aparelho digestivo são originárias do consumo de água contaminada; hoje se sabe que a empresa concessionária dos serviços de captação, tratamento e distribuição de água de Natal não tem condições (nem no médio prazo) de trazer solução a estas questões. 

O tema, portanto, tem de ser encarado com urgência e determinação – responsabilidade, enfim, do próximo prefeito. Pelo Plano Diretor de Águas, além dessas providências, outras questões serão focalizadas. Vejamos.

Saneamento básico; esgotamento sanitário; tratamento de afluentes; implantação de coleta seletiva de lixo em toda cidade; política municipal de gestão de resíduos sólidos; aparelhamento e fortalecimento da fiscalização municipal no âmbito da Guarda Municipal; preservação das áreas de dunas pela sua importância para a captação e a qualidade das águas subterrâneas – e um forte foco em ações educacionais, esclarecendo a população, em todos os níveis, a respeito da importância da água para a vida de todos. Por fim, o Plano Diretor de Águas também criaria diferentes categorias de consumidores, com tarifas diferenciadas, além de estabelecer uma política de incentivo de reutilização de água pelos grandes consumidores. 

Como se observa, tema tão importante passou ao léu no primeiro turno. Espera-se a devida atenção a ele no segundo. Ou, por acaso, estamos pregando no deserto?

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