BRASIL
Polícia Federal descobre segunda quadrilha de roubo de
dados
Ao investigar por compra de dados sigilosos, a
Polícia Federal chegou a uma advogada conhecida como “rainha do divórcio” e a
uma segunda quadrilha, e descobriu um grupo especializado em envio ilegal de
dinheiro para o exterior, do qual faziam parte agentes policiais.
Para a polícia, desde 2007, funcionários do escritório de
Priscila Corrêa da Fonseca, conhecida advogada no ramo de família, compraram
informações sigilosas. Professora da Faculdade de Direito da USP, ela ganhou
dos alunos o apelido de “Priscila, rainha do divórcio”.
A advogada está entre os 57 indiciados pela Polícia
Federal na Operação Durkheim. Segundo a Polícia Federal, era a secretária de
Priscila, Miriam Machado do Carmo, a responsável pela compra dos dados, entre
eles declarações de Imposto de Renda, que seriam usados em processos, como os
de divórcio.
É a pedido do escritório de Priscila, segundo a polícia,
que Eliane Francisca Pereira, uma das detetives presas na operação, levanta
dados de Imposto de Renda de uma mulher que estava se divorciando. Em um
e-mail, Eliane pede a um intermediário: "Capricha aí. esse serviço é
conjugal, o objetivo é provar que ela tem como se sustentar
financeiramente".
Em outra mensagem, uma detetive combina com um servidor o
envio de dois documentos sigilosos: “Quanto você vai me fazer os dois?". O
servidor responde: "2 mil com informações, detalhadamente e tudo o mais...
tá bom?".
Os valores cobrados pelos criminosos para vender
informações sigilosas variavam de R$ 30 por um extrato bancário, por exemplo,
até R$ 7 mil por uma escuta telefônica. A investigação mostrou que 10 mil
pessoas podem ter sido vítimas da quadrilha, incluindo o prefeito de São Paulo,
Gilberto Kassab, que teve seu sigilo telefônico quebrado.
Além de Kassab, foram espionados o senador Eduardo Braga
(PMDB-AM), líder do governo no Senado, o ex-ministro da previdência Carlos
Eduardo Gabas, os desembargadores Luis Fernando Salles Rossi, do Tribunal de
Justiça do estado de São Paulo, e Julio Roberto Siqueira Cardoso, do Tribunal
de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Durante as investigações, a PF descobriu uma segunda
quadrilha que praticava crimes financeiros. Itamar Ferreira Damião e José
Carlos Ayres, para a polícia, agiam como intermediadores de sete grupos de
doleiros. Um agente da policia federal é acusado de participar do esquema.
Segundo a polícia, eles enviavam recursos de clientes
para o exterior e também parte do dinheiro arrecadado com a venda de
informações sigilosas. O dinheiro ia principalmente para 20 contas em Hong
Kong, na China, e, de lá, para diversos países. Com a quadrilha, a polícia
aprendeu 29 carros e o equivalente a mais R$ 350 mil em diversas moedas.
O advogado de Itamar Ferreira Damião disse que o cliente
dele não é chefe de nenhuma organização criminosa. Já o advogado de José Carlos
Ayres não foi encontrado.
O escritório de Priscila Corrêa da Fonseca disse ter sido
citado pela Polícia Federal porque duas profissionais autônomas que prestaram
serviços no passado são investigadas, e que as atividades do escritório de
advocacia não estão sendo investigadas na operação.
g1.com
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