DIA DE FINADOS
TERTÚLIA
DO DIA DOS MORTOS
O
feriado de Finados sempre me traz belas recordações.
Aprendi de pequenina a reverenciar os mortos, pelas mãos de
meu velho e querido pai. Iamos, passo-a-passo, desde o centro da cidade,
costeando o Parque da Redenção, em direção
ao bairro Azenha.
Lá
chegando, subíamos a lombada e fazíamos um verdadeiro
tour por todos os cemitérios. Era um dia de glória para
mim. Sentávamos no Cemitério Evangélico, deixando-nos
levar pela beleza e aroma das árvores e das flores. Lembro
estes momentos com perfeita nítidez, até com um tanto
de saudades, pois, visitas assim, ao cemitério, jamais terão,
para mim, essa singeleza infantil da qual retenho belas lembranças.
E foi desta forma, por esta iniciação, por este aprendizado,
que comecei a encarar a morte como uma redenção, um
momento sublime e, claro, passei a preocupar-me.
Não em morrer, mas, sim, morrer com dignidade, com coragem, com bravura. Passei a preocupar-me com a "arte de bem morrer". Agora, já no alto de meus 65 anos, minha grande preocupação não está relacionada aos bens materiais que deixarei para meus filhos e, sim, a maneira como pretendo encerrar meus dias, sem murmúrios, nem gemidos.
Não em morrer, mas, sim, morrer com dignidade, com coragem, com bravura. Passei a preocupar-me com a "arte de bem morrer". Agora, já no alto de meus 65 anos, minha grande preocupação não está relacionada aos bens materiais que deixarei para meus filhos e, sim, a maneira como pretendo encerrar meus dias, sem murmúrios, nem gemidos.
Sem lamentos, nem queixas, apenas e, simplesmente, com
a consciência de ter vivido meu tempo certo e dele ter aproveitado
ao máximo, procurando seguir a rigor, a cartilha que entendo
e cujo herança recebí de meus pais, onde o despojamento,
o espírito do bem comum sempre falaram mais alto.
Sei que faço parte de um seleto grupo que chegou à idade
do envelhecimento. Muitas pessoas morrem sem nem começarem
a ter qualquer vestígio do "passar dos anos". Sinal
dos novos tempos, onde os velórios estão cheios de amigos
jovens, que perdem seus jovens amigos.
Mas, enfim, o que quero realmente
colocar à luz da reflexão é esta possibilidade,
de num dia de sol primaveril, como o de hoje, programar uma visita
ao cemitério e lá ficar por algum tempo, conversando
com nossos entes, como se estivéssemos agradávelmente
ao redor de uma "tertúlia". A mesa são suas
sepulturas, a toalha é o céu, na sua plenitude.
Autor:
Não mencionado
Enviado por: Lenir Maria Bordin
Enviado por: Lenir Maria Bordin
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