BRASIL
Quadrilhas de roubo a bancos aterrorizam a região Nordeste
Uma arma apontada à cabeça e duas bananas de dinamite amarradas ao
corpo. Foi assim que o gerente do Banco do Brasil de Caetité (BA), a 757
km de Salvador, precisou passar a noite até ser obrigado a "limpar" o
cofre da agência no dia seguinte.
Os explosivos, que estavam conectados a um telefone celular, só foram
desmontados 19 horas depois por um grupamento especial da Polícia
Militar, vindo da capital. Os criminosos fugiram.
O caso, ocorrido há duas semanas, engrossa a onda de assaltos,
arrombamentos e explosões em bancos no Nordeste. A alta, em relação a
todo o ano passado, chega a 148% em Alagoas e 92% no Ceará.
Na liderança do "ranking" de casos, a Bahia possui média de uma
ocorrência por dia neste fim de ano, diz o sindicato dos bancários do
Estado.
Foram 30 casos nos últimos 30 dias com expediente, segundo a entidade.
Ao todo, já houve 168 no ano (contra 60 em 2010), alguns em ações
cinematográficas, como em Caetité. O gerente de 45 anos ainda não voltou
ao trabalho.
O bancário baiano Adolfo Neto, 45, que passou por dois assaltos há dez
anos, diz que ainda enfrenta "problemas psicológicos". O irmão Marcio,
37, também bancário, pediu transferência do interior, há cinco meses,
após um grupo armado com fuzis invadir a agência em que trabalhava.
Para o setor de segurança bancária da Contraf (Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro), parte das ações é planejada por
facções criminosas, sobretudo de São Paulo, para se financiarem.
"Muitas vezes são as mesmas quadrilhas que se movimentam pelo país. Não
são ladrões pés de chinelo, pois precisam de uma logística", afirma o
chefe da área na entidade, Ademir Wiederkehr.
As secretarias de segurança de Alagoas e do Ceará admitem a hipótese e dizem ter reforçado o policiamento.
Na Bahia, o delegado Daniel Pinheiro, do grupo de repressão a crimes
contra instituições financeiras, diz que "essa ideia é desculpa para
alguns Estados não reconhecerem seu fracasso".
Levantamento feito pelo Contraf pelo país no primeiro semestre indicou
crescimento ainda em seis Estados: São Paulo, Minas Gerais, Santa
Catarina, Paraná, Mato Grosso e Pará. A confederação diz que os bancos,
com seus "lucros bilionários", deveriam investir mais em segurança.
Em nota, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) declarou que não
comenta o assunto. No dia 29, a Polícia Federal multou 12 bancos em R$
1,5 milhão por descumprimento de lei que rege normas de segurança em
agências.
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