BRASÍLIA
60% dos homens do Congresso usam prostitutas, diz deputado Jean Wyllys
O deputado federal
Jean Wyllys (PSOL-RJ), que apresentou um projeto de lei na Câmara para
regularizar a profissão das prostitutas no País, afirmou ontem (15), em
entrevista ao iG , que a proposta deve ter mais chances de ser aprovada
no Congresso do que a da criminalização da homofobia.
“As prostitutas,
embora estigmatizadas e marginalizadas, são uma categoria menos odiada
que os homossexuais. E tem outro fator, eu diria que 60% da população
masculina do Congresso Nacional faz uso dos serviços das prostitutas,
então acho que esses caras vão querer fazer uso desse serviço em
ambientes mais seguros”.
O deputado espera que a proposta seja aprovada antes da Copa do Mundo
e da Olimpíada. “O projeto é urgente, sobretudo às vésperas dos grandes
eventos (…) e não vamos ser ingênuos de achar que os turistas não vão
demandar por esse serviço sexual. Então, as prostitutas têm de ter um
ambiente seguro para prestar esse serviço ”, afirmou o deputado.
Essa é a segunda tentativa de regulamentar a questão. Em 2003, o
então deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) já havia protocolado uma
proposta semelhante, mas o texto acabou sendo arquivado. Wyllys acredita
que vai conseguir apoio suficiente no Congresso para aprovar o seu
projeto, mesmo tendo de enfrentar o que ele chama de “bancada
conservadora”.
Se aprovado, o projeto garante a esses profissionais o acesso à
saúde, ao direito do trabalho, à segurança pública e, principalmente, à
dignidade, defende Wyllys. De acordo com a proposta, considera-se
profissional do sexo toda pessoa capaz e maior de 18 anos que,
voluntariamente, presta serviços sexuais mediante remuneração.
Também, segundo o projeto, esses profissionais poderão atuar de forma
autônoma ou em cooperativa e terão direito a aposentadoria especial
após 25 anos de serviço.
Na justificativa da proposta, o deputado afirma que o objetivo não é
apenas regularizar a profissão, mas também combater a exploração sexual.
O texto veda a prática e prevê a fiscalização das casas de prostituição
e o controle do Estado sobre o serviço.
Wyllys explica ainda que há uma diferença entre prostituição e
exploração sexual, sendo esta última é tipificada como crime hediondo no
Código Penal quando envolve menores de 18 anos.
“A prostituição é uma prática exercida por uma pessoa adulta e capaz.
É uma escolha. Ela é estigmatizada, é marginalizada, mas não é crime. O
que é crime é a casa de prostituição e meu projeto quer exatamente
descriminalizar as casas de prostituição. Embora seja crime, elas operam
no vácuo da legalidade e ao existirem dessa forma faz com que crianças e
adolescentes sejam exploradas nessas casas”, afirmou.
O projeto de lei do deputado defende uma alteração da lei penal que
equipara as duas práticas ao tratar a prostituição como forma de
exploração sexual.
Wyllys quer batizar de ‘Gabriela Leite’ a nova lei, em homenagem à
militante pelos direitos dos profissionais do sexo desde 1979, fundadora
da grife Daspu e presidente da ONG Davida, que luta por políticas
públicas para a categoria.
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