ESTADO
Instituto Histórico pede socorro
A maior fonte de pesquisa sobre a história do Estado do RN está agonizando. A
casa, construída em 1906, é uma viagem ao passado, mas hoje sofre a falta de
apoio para se manter funcionando.
Por isso, esta semana a diretoria do IHGRN reuniu-se extraordinariamente para
discutir os graves problemas enfrentados pela entidade. Na ocasião, a diretoria
recebeu a visita do Presidente da Assembléia, Ricardo Motta, que, juntamente
com sua assessoria, averiguou de perto o estado físico e patrimonial da Casa,
que está em precário estado de conservação. Motta, que ficou impressionado com
a situação, firmou um compromisso de apoiar o IHGRN no que for possível.
Em abril, está marcada a solenidade em comemoração aos 111 anos do Instituto,
que que faz aniversário em 29 de março e pede socorro. “São três séculos de
memória que correm o risco de desaparecer”, alerta o presidente Valério
Mesquita.
Valério, juntamente com Ormuz Barbalho (vice-presidente), Carlos Gomes
(Secretário Geral), Odúlio Botelho (Secretário Adjunto), George Veras (Diretor
financeiro) e Edgar Dantas (Diretor da Biblioteca), se mostraram bastante
preocupados com o atual quadro do IHGRN, que não tem fontes de arrecadação
próprias. Ele informou que a diretoria está providenciando convênios com várias
entidades públicas, tais como a Universidade Federal do RN, Assembléia
Legislativa, Prefeitura do Natal, Governo do Estado, Bombeiros, Cosern, Caern,
Fundação José Augusto, IPHAN, CREA-RN, Teatro Alberto Maranhão, entre outras,
dos setores público e privado, no sentido e viabilizar o ‘socorro’ necessário
para que o acervo de quase 300 anos de historia do RN não venha a sucumbir
diante da realidade atual.
O presidente desabafa: “Nesse território emocional e dominó de reminiscências
inapagáveis imperam o lixo, a depredação, a escuridão, o abandono e a
insegurança”. Segundo ele, o acervo é singular. O livro de Barleus, no qual
Gaspar Van Barle descreve os oito anos do governo holandês de Maurício de Nassau,
de 1647, bíblias antigas, bibliotecas, objetos de museus, manuscritos e
registros eclesiásticos, fotografias de personagens da história política,
social, cultural, jurídica e religiosa de cem a trezentos anos passados desde
os períodos: colonial, imperial e republicano.
É realmente lastimável que o Rio Grande do Norte não se dê conta que sua
memória corre o sério risco de desaparecer. Cerca de cinqüenta mil obras, entre
livros e periódicos antigos, alguns deles datados do século dezoito, fazem
parte do acervo. O IHGRN sofre, inclusive, pela falta de climatização e
iluminação adequada para arquivar as obras antigas.
A contradição – nas proximidades do Instituto, a beleza arquitetônica da Igreja
de Santo Antônio (Igreja do Galo), o Memorial Câmara Cascudo e o Palácio da
Cultura (antigo Palácio do Governo), além da antiga Igreja Matriz e a praza
Padre João Maria. O Memorial, vizinho do IHRGN, de grande importância histórica
ali está praticamente vazio, enquanto o Palácio,se impõe imponente e conservado,
abrigando agora a pinacoteca do Estado. A praça Padre João Maria é um
verdadeiro ‘vuco- vuco’.
Enfim, o desprezo por este sítio histórico nos dá
sentimento de pura tristeza. O Rio Grande do Norte está perdendo sua rica
memória. As gerações futuras herdarão, apenas, fragmentos virtuais de séculos
de história.
Waleska Maux - Jornalista
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