BRASIL
Novos direitos das domésticas entram em vigor nesta
quarta-feira
O Congresso
Nacional promulgou nesta terça-feira (2) a Emenda Constitucional 72/2013, que
garante mais direitos aos empregados domésticos. A emenda é resultante da PEC
das Domésticas (PEC 66/2012), aprovada pelo Senado na última semana. Alguns
dos direitos, como a jornada de trabalho definida e as horas extras, passam a
valer já nesta quarta-feira (3), quando a emenda deve ser publicada noDiário
Oficial da União.
Outros direitos,
como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o seguro-desemprego,
ainda devem ser regulamentados.
Para a ministra
das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que representou a presidente Dilma
Rousseff na sessão de promulgação, o Congresso e o Executivo, agora, tem de
estar comprometidos com a regulamentação da emenda.
- Estaremos
compromissados com as lideranças, com os parlamentares, com a Presidência das
duas Casas, no sentido de agilizarmos e simplificarmos a concessão desses
direitos. Isso é de muita importância - afirmou.
A regulamentação
de 7 dos 16 novos direitos dos empregados domésticos deve ser uma das primeiras
tarefas da Comissão Mista de Consolidação das Leis, instalada nesta terça-feira
(2) para consolidar a legislação federal e regulamentar dispositivos da
Constituição de 1988 que precisam de regras específicas para garantir sua
aplicabilidade.
O presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se disse convencido de que a regulamentação
se dará de maneira rápida.
- Esse será nosso
objetivo. Esse será o empenho do Congresso Nacional – declarou.
No início da
sessão, o Plenário saudou o autor da PEC, o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT),
a relatora da matéria na Câmara, deputada Benedita da Silva (PT-RJ), e a
relatora no Senado, Lídice da Mata (PSB-BA).
Também
participaram da cerimônia os ministros do Trabalho, Manoel Dias; da
Previdência, Garibaldi Alves; da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do
Rosário; da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci; da
Secretaria de Igualdade Racial, Luiza Bairros; e da Secretaria Geral da
Presidência da República, Gilberto Carvalho.
Outras presenças
saudadas com entusiasmo foram as da presidente da Federação Nacional das
Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), Creuza Maria Oliveira, e a ministra do
Tribunal Superior do Trabalho Delaíde Arantes, que já trabalhou como
doméstica.
Igualdade
Antes da emenda,
o trabalhador doméstico tinha apenas parte dos direitos garantidos pela
Constituição aos trabalhadores em geral. Em
pronunciamento lido pelo deputado André Vargas, que integra a Mesa do
Congresso, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, comemorou o fato de
os empregados domésticos estarem, finalmente, integrados aos demais.
Renan Calheiros
também ressaltou o fim do tratamento desigual que os empregados domésticos
recebiam na legislação.
- Os direitos
trabalhistas serão, a partir de agora, de todos, não mais de alguns somente. É
o enterro de mais um preconceito, de mais uma intolerável discriminação – disse
o presidente do Senado, felicitando os sete milhões de empregados domésticos do
Brasil.
Direitos
Entre os novos
direitos está o controle da jornada de trabalho, limitada a 44 horas semanais e
não superior a oito horas diárias. Além disso, os empregados passam a receber
horas extras, que devem ser remuneradas com valor pelo menos 50% superior
ao normal.
Outro direito
garantido pela PEC é o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS),
que deve gerar o maior aumento de custo para o empregador. O valor a ser
recolhido mensalmente é de 8% do salário do empregado. Apesar de o texto
condicionar o pagamento do FGTS a regulamentação, alguns especialistas
consideram que a aplicação é imediata porque o pagamento do FGTS ao empregador
doméstico é uma opção prevista em lei e tem a sistemática estabelecida.
Relator da
comissão que deve regulamentar a emenda, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), quer
criar um sistema simplificado de recolhimento dos encargos do emprego
doméstico. A medida, defendida também por especialistas, poderia evitar a
sobrecarga no orçamento das famílias e possíveis demissões geradas pelo aumento
nas despesas dos empregadores.
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