TURISMO
Passageiros de cidades menores gastam bem mais tempo e
dinheiro em viagens aéreas, aponta IBGE
As dificuldades
enfrentadas por passageiros nos aeroportos brasileiros estão comprovadas em
números. O estudo Ligações Aéreas 2010 divulgado hoje (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) revela problemas como longas esperas em saguões superlotados, nas
grandes cidades ou ainda conexões absurdas e preços altos, para quem parte de
cidades menores ou do Norte e Nordeste do país.
O estudo aponta,
por exemplo, a concentração de voos nos aeroportos. Das 877 rotas aéreas
registradas no país em 2010, praticamente 50% do tráfego de passageiros se
concentrava em somente 24 pares de cidades. Os trechos que ligam São Paulo com
as seis principais metrópoles do país (Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre,
Salvador, Belo Horizonte e Curitiba) foi responsável por 25% do total de
passageiros transportados - 71.750.986 pessoas, em 2010.
De acordo
como coordenador da pesquisa, Marcelo Paiva Motta, a concentração das
ligações não é ruim para a empresa aérea, pois gera economia. Por outro lado,
representa prejuízo para o passageiro de algumas regiões do país. "A
concentração pode cortar os custos das viagens, mas implica em que cidades
menores tenham maior número de conexões, o que diminui a acessibilidade do
passageiro, porque o tempo de viagem passa a ser maior”, explicou.
Sobre o tempo de
viagem, o estudo aponta a dificuldade e a demora que passageiros de cidades
menores enfrentam. Enquanto um passageiro que sai de Brasília ou de São Paulo
para Teresina gasta em média de 2 horas a 3 horas em um voo direto; de
Tabatinga para Teresina, a média é de 35 horas de viagem, devido às conexões.
O estudo do IBGE
calculou o custo médio de viagens no país, conforme a origem do passageiro.
Passageiros que saem de Brasília ou de São Paulo gastam em média R$ 200 por
trecho de viagem. Já quem sai de Tabatinga, no Amazonas, gasta em média R$
1.300 por trecho, e quem sai de Joaçaba, em Santa Catarina, gasta R$ 1.250.
Em 2010, 135 dos
5.565 municípios brasileiros possuíam aeroporto. A importância demográfica e
econômica fazem de São Paulo o concentrador de fluxos em escala nacional,
seguido do Rio de Janeiro e Brasília. Apesar da concentração, em termos
espaciais, o território está bem coberto, segundo Mota.
O estudo mostra
também que o transporte de carga via aérea é ainda mais concentrado, devido aos
custos elevados. Mais da metade do tráfego acontecia em 10 pares de ligação. A
ligação São Paulo-Manaus liderou o movimento aéreo de carga, com volume total
de 99.344 mil kg, mais de 20% do total da carga transportada em 2010.
Para Marcelo Paiva
Motta os dados podem auxiliar na criação de políticas públicas para melhorar a
acessibilidade das cidades menos favorecidas com ligações aéreas e resolver o
problema de locais onde a distância dos aeroportos é muito grande ou de difícil
acesso.
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