BRASIL
Senado começa a votar este mês a reforma do Código de
Defesa do Consumidor
No ano
em que completa 23 anos, o Código de Defesa do Consumidor pode ganhar avanços
importantes. Considerada uma lei forte e respeitada, no Senado, os
parlamentares dizem que o que está em discussão na Casa é uma atualização da
lei. A expectativa é de o relatório do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) ser
votado na comissão temporária que trata do assunto ainda na primeira quinzena
deste mês.
“A questão central
é você considerar a legitimidade de todos os segmentos que participam desse
debate e construir uma legislação equilibrada. O ponto central é não agir com
radicalismo porque se você agir com radicalismo, você marca uma posição, mas
não faz a legislação avançar”, avaliou Ferraço.
Para não
contaminar os assuntos, além de manter, em projetos de lei separados, as três
sugestões sobre superendividamento, ações coletivas e comércio eletrônico, feitas
por uma comissão de juristas presidida pelo ministro do Superior Tribunal de
Justiça, Herman Benjamin, Ferraço vai incluir, pelo menos, mais duas novidades
na atualização: um projeto que prevê o fortalecimento dos Procons e outro que
trata da publicidade infantil.
Apesar da decisão
do relator, o presidente da comissão, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF),
considera que este último tema é polêmico e não foi discutido suficientemente a
ponto de avançar. Suécia, Dinamarca, Noruega, Inglaterra, Bélgica, Austrália e
Canadá são exemplos de países que proíbem a publicidade voltada a esse público.
No Brasil, o tema divide opiniões.
“O projeto da
publicidade infantil eu vejo zero de possibilidade de ser aprovado porque é uma
coisa extremamente polêmica”, disse Rollemberg.
Já a proposta que
prevê o fortalecimento dos Procons é vista como fundamental e foi pedida por
especialistas da área em uma das audiências públicas feitas pela comissão. O
relatório do senador Ricardo Ferraço deve propor um projeto no qual as
conciliações feitas entre clientes e empresas nos órgãos de proteção e de
defesa do consumidor tenham validade de decisão judicial. Assim, caso o
prestador de serviço não cumpra o acordo firmado nos Procons, poderá ser
executado diretamente pela Justiça, sem necessidade do consumidor entrar com um
novo processo.
Na avaliação dos
senadores, se o Procon não tiver o poder de multar, arbitrar, decidir e
conciliar, as pessoas vão continuar recorrendo à Justiça que hoje acumula
milhares de processos desse tipo.
O assunto também é
objeto de um projeto de lei enviado pelo governo este ano à Câmara dos
Deputados. “Nós não temos o menor compromisso com o texto da Câmara. Nós temos
compromisso com uma tese comum de fortalecimento dos Procons”, disse Rollemberg
ao justificar a apresentação de uma proposta semelhante no Senado.
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