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sexta-feira, 14 de junho de 2013

MANDATO

Comunidade escolar reivindica escolas bilíngues no RN

Um grupo de trabalho formado por representantes das secretarias estadual e municipal de Educação, do SINTE/RN e de entidades como a Associação de Surdos do RN (ASNAT RN) e a Associação dos Profissionais Intérpretes e Tradutores da Língua Brasileira de Sinais do RN (APIL RN) vai discutir como transformar a lei em prática e garantir, de fato, a acessibilidade e oportunidades iguais de ensino e estudo aos surdos.


Este fórum de trabalho irá dialogar com as entidades e os governos do município e Estado, em busca de soluções e prazos. Esta foi uma das deliberações da audiência pública promovida nesta quinta-feira (13) pelo deputado Fernando Mineiro (PT), que teve como tema “Por uma escola de qualidade para surdos: escola bilíngüe”. A audiência, inclusive, foi toda traduzida na linguagem de sinais para os participantes e também para os telespectadores da TV Assembleia, que transmitiu o evento ao vivo (Canais 9 e 50)

Para a maioria dos especialistas presentes, a segregação só agrava as dificuldades na formação desses alunos e dessa forma algumas reformas no sistema de ensino devem ser feitas com urgência para permitir à acessibilidade ao ensino. Eles sugerem que o Estado e o município devem, entre outras ações, investir na contratação de professores bilíngües.

Depoimentos
Alunos adolescentes e adultos e mães de portadores de deficiência auditiva relataram as dificuldades por que passam no seu dia-a-dia. O garoto João Alves disse: “Estou aprendendo a escrever. Pela manhã aprendo a linguagem de sinais e à tarde faço minhas tarefas. Penso que precisamos da escola bilíngüe. A jovem Paula Kaline, que também é surda, disse: “A inclusão é muito difícil para o aluno, porque não tem a presença do intérprete. Precisamos de escola bilíngüe e já a temos garantida por lei”.

Vanessa de Fátima, mãe de um adolescente, deu seu depoimento na linguagem de sinais, que precisou aprender para colaborar na formação do filho: “Meu filho precisa de uma formação bilíngüe pra se desenvolver. Preciso da união e parceria entre o estado e a prefeitura. A inclusão não tem dado certo, mas o bilingüismo é o caminho que nós queremos”, disse.

Débora Vasconcelos, que dirige o Instituto Cearense de Educação dos Surdos, foi convidada para mostrar o êxito do trabalho da instituição. Ela inclusive, é a primeira diretora surda do Nordeste e o instituto também tem funcionários surdos. Ela relatou a experiência bem sucedida em Fortaleza: 18 alunos obtiveram bons resultados no Enem. “Temos orgulho do nosso trabalho e das ações que realizamos com as crianças”, disse.  

O presidente da ASNAT, José Arnor de Lima Júnior, fez um relato das lutas da entidade para garantir a acessibilidade ao ensino. “A educação de surdos tem tido problemas. O RN também tem que se mobilizar pois a nível nacional já vimos muitos movimentos de luta em prol dos surdos”, disse.

Segundo dados parciais da secretaria estadual de Educação, no RN existem cerca de mil alunos surdos. O professor Filipe, que há mais de dez anos se dedica à questão, disse que no RN a educação desses jovens e crianças é vergonhosa e revela uma história de exclusão.

“O município criou a lei em 2002, mas não criou o cargo de professor. Não é a toa que a comunidade está revoltada, porque não vê um crescimento significativo quanto a isso”. O professor citou a Declaração de Salamanca, de 1994, que entre outros trata da educação bilíngue e a Lei de Libra, criada em 2002. “As pessoas parece que não percebem ou não querem enxergar por ignorância ou má fé. O fato é que a língua de sinais tem que estar nas duas escolas, seja através de um professor bilíngüe, seja como intérprete de sinais”, disse.

Lei no RN
O deputado Fernando Mineiro é autor do projeto de lei sancionado em 2009 oficializando a linguagem de sinais no Rio Grande do Norte. "Quando criei este projeto pensei nas providências que o Estado tomaria para a inclusão social no âmbito dos órgãos públicos, principalmente em áreas como educação e saúde, para beneficiar a comunidade surda do Rio Grande do Norte", disse Mineiro

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