O papa Francisco
condenou hoje (24) a liberalização do uso de drogas, ao discursar na
inauguração do Polo de Atendimento a Dependentes Químicos, do Hospital São
Francisco, no bairro da Tijuca, zona norte do Rio. “Não é deixando livre o uso
das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se
conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É
necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas,
promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem
a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no
futuro”, disse.
O papa começou o
discurso fazendo referência a São Francisco de Assis, patrono da ordem
religiosa que mantém o hospital, onde a unidade inaugurada atenderá 70
dependentes químicos, entre eles usuários decrack. “Quero
abraçar a cada um e a cada uma de vocês, que são carne de Cristo, e pedir a
Deus que encha de sentido e de esperança segura o caminho de vocês e também do
meu. Abraçar, abraçar...precisamos todos aprender a abraçar quem passa
necessidade, como fez São Francisco de Assis”, declarou.
Durante a
solenidade, que reuniu cerca de 1,5 mil pessoas, Francisco ouviu atentamente do
arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, e do padre Manuel Manganão, da Pastoral
da Sobriedade, relatos sobre o trabalho de assistência aos dependentes químicos
prestado pela Arquidiocese do Rio, em colaboração com órgãos federais e
estaduais e a iniciativa privada.
Os momentos mais
emocionantes foram os relatos de dois ex-usuários de drogas submetidos a
tratamento pelo Programa de Assistência a Dependentes da arquidiocese. Um deles
disse que depois de passar 17 anos se drogando, mas há 11 anos está livre do
vício. O outro declarou que parou de se drogar há pouco mais de um ano. Os dois
ganharam presentes e foram abraçados pelo papa.
Em uma veemente
condenação ao tráfico, Francisco condenou o egoísmo que prevalece no mundo de
hoje e desafiou a sociedade a enfrentá-lo. “São tantos os mercadores de morte
que seguem a lógica do poder e do dinheiro, como a chaga do tráfico de drogas,
que favorece à violência e que semeia a dor e a morte e que exige da inteira
sociedade um ato de coragem”
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