Depois da TelexFree ter sido obrigada a devolver R$ 101,5
mil a um investidor do estado do Mato Grosso, agora é a vez da Bbom acertar
contas com a Justiça. Os integrantes da rede de negócios, que fornece
rastreadores de veículos e é investigada por indícios de formação de pirâmide
financeira, deverão receber apenas os valores investidos inicialmente "na
medida do possível", mas sem "os lucros prometidos pela
empresa".
A informação é da procuradora da República, Mariane Guimarães, e chega dias
após a Justiça Federal bloquear as contas bancárias das empresas e dos
dirigentes do grupo BBom com a finalidade de os valores serem rateados entre os
consumidores que investiram de boa-fé na empresa. O Ministério Público Federal
afirmou que vai requerer em juízo que a BBom forneça a relação dos associados
que adquiriram pacotes, os valores pagos e os dados pessoais, para futuro
ressarcimento, proporcionalmente ao que foi bloqueado.
No dia 10 de julho, a Justiça determinou o bloqueio dos bens das empresas
Embrasystem (nomes fantasias BBom e Unepxmil) e BBrasil Organizações e Métodos,
responsáveis pelo negócio. Dentre os bens, estão mais de cem veículos -alguns
de luxo, como Ferrari, Lamborghini e Mercedes-, além de R$ 300 milhões em
contas bancárias. A ação faz parte de uma força-tarefa conduzida pelos
Ministérios Públicos federal e estaduais e que investiga indícios de pirâmides
financeiras pelo país. A prática de pirâmide financeira é proibida no Brasil e
configura crime contra a economia popular (Lei 1.521/51).
A orientação da procuradora Mariane Guimarães é para que todos os investidores
que adquiriram produtos ou pacotes da BBom guardem a documentação dos contratos
e recibos que comprovem os pagamentos. "Esses documentos serão necessários
na fase de execução da sentença, quando os interessados deverão,
individualmente, comprovar o prejuízo e se habilitarem ao
ressarcimento", disse.
A pirâmide financeira é uma modalidade considerada ilegal porque só é vantajosa
enquanto atrai novos investidores. Assim que os aplicadores param de entrar, o
esquema não tem como cobrir os retornos prometidos e entra em colapso. A
assessoria da BBom afirma que a empresa trabalha com marketing multinível, e
não pirâmide financeira.
Segundo a empresa, já foram comprados mais de 1,25 milhão de rastreadores e
desses 30 mil teriam sido entregues, 75 mil estariam em estoque, 145 mil, em
trânsito e um milhão de aparelhos devem ser entregues seguindo a previsão dos
fornecedores.
Segundo a Justiça, no entanto, a BBom seria um exemplo de pirâmide financeira,
já que os participantes seriam remunerados somente pela indicação de outros
indivíduos, sem levar em consideração a real geração de vendas de produtos. O
MPF afirma que o procedimento é apenas uma "isca" para recrutar novos
associados, como já ocorreu no passado com investimentos em gado e avestruz,
por exemplo.
Do Diário de Pernambuco
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