A
crise que atinge as empresas do bilionário Eike Batista ameaça investimentos do
grupo EBX no Rio Grande do Norte. A companhia, que enfrenta uma forte
desvalorização das ações na bolsa de valores, reforça a intenção em investir em
energia eólica no estado, mas não nega que precise de ajuda para garantir os
investimentos em petróleo e gás.
Ontem,
a OGX Petróleo, que faz parte do grupo, anunciou estar negociando parcerias
para explorar os blocos que arrematou sozinha na 11ª rodada de leilões de áreas
exploratórias de petróleo e gás, realizada em maio pela Agência Nacional
de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A OGX foi uma das
grandes vencedoras do leilão, com 13 blocos adquiridos. Desse total, dois estão
no RN e um foi arrematado sem parcerias.
A empresa arrematou dois dos dez blocos
marítimos ofertados pela ANP na bacia potiguar e precisa pagar R$ 101,7 milhões
pelos dois blocos, depositando a garantia até o próximo dia 30. A cifra
representa quase 90% do esperado em investimentos na bacia marítima potiguar e
quase metade dos investimentos totais previstos no estado em decorrência do
leilão.
À TRIBUNA DO NORTE, A OGX disse “acreditar ter
condições de apresentar as garantias exigidas para a ANP tempestivamente”. Em
nota, acrescentou que “está trabalhando na solução para garantir o programa
exploratório mínimo dos blocos arrematados, na forma da legislação aplicável”.
Risco
Segundo Jean-Paul Prates, ex-secretário estadual
de Energia, e atual diretor-presidente do Centro de Estratégias em Recursos
Naturais e Energia, a busca por parceiros não é incomum, mas o risco de a
empresa não depositar as garantias no prazo e ser obrigada a devolver os blocos
à ANP existe. “É uma ameaça. Ou a OGX passa os blocos adiante para outro
investidor, como costuma ocorrer em alguns casos, ou devolve para a ANP”,
afirma.
Segundo Prates, o valor a ser investido nos dois
blocos exploratórios no RN não é considerado alto para a empresa. Ainda assim,
a OGX pode enfrentar dificuldades para executar os projetos ou até mesmo para
encontrar parceiros. Um dos blocos foi arrematado por R$ 81,76 milhões – em
parceria com a Exxon Mobil – representando um ágio, que é a diferença entre o
mínimo exigido e o valor a ser pago, superior a 1.000%.
“Esse bloco foi adquirido com um ágio muito
alto. Pode ser que a OGX desista dele, caso não arrume ninguém disposto a pagar
o que disse que pagaria, e tenha que devolvê-lo à ANP”. A empresa, que não deu
detalhes sobre as parcerias que busca para salvar os negócios, afirmou apenas
que “não existe qualquer negócio fechado que deva ser divulgado ao mercado
neste momento”. De acordo com a ANP, as empresas que descumprirem o acordado no
leilão estão sujeitas a multas e podem ter o direito de participar de futuras
licitações para obtenção de novas concessões suspenso temporariamente. Já os
blocos podem ser retomados e inscritos em novos leilões, podendo não ser
arrematados outra vez.
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