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terça-feira, 9 de julho de 2013

SAÚDE - Curso de medicina chega ao interior

Para cada 10 mil potiguares, há aproximadamente 14 médicos. Já na Região Sudeste, que possui a melhor distribuição de profissionais no Brasil, a proporção é de 26 para cada 10 mil habitantes. Considerando a má distribuição de médicos nas diferentes regiões do País e a necessidade de fixar especialistas em saúde fora das capitais, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) oferece, a partir de 2014, o curso de Medicina no interior do Estado.


A nova graduação é uma proposta multicampi, o que significa que terá atividades desenvolvidas em mais de uma sede: no Centro Regional de Ensino Superior do Seridó (CERES), que tem campi situados nos municípios de Caicó e Currais Novos, e na Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), localizada em Santa Cruz.

“Além das necessidades médicas e estruturais, também levamos em consideração a posição geográfica dos municípios envolvidos”, esclarece a vice-reitora, que é também coordenadora da Comissão para Implantação do Curso de Medicina e seu Projeto Pedagógico, Fátima Ximenes. Para ela, o curso nasce com a preocupação de formar médicos com habilidades técnicas e que possam aprender convivendo com a comunidade. “Nossa missão é formar profissionais tão bons quanto os que estudam em Natal e que além das competências técnicas possam desenvolver atitudes ético-humanistas”, reforça.

Como o panorama da saúde no Trairi e no Seridó é diferente da realidade da capital, foi preciso criar um projeto pedagógico diferenciado, mas que obedecesse às Diretrizes Curriculares Nacionais. “É preciso respeitar as especificidades de cada local para entender as necessidades dos pacientes”, explica a vice-reitora.

Segundo o coordenador do curso de Medicina do CERES/FACISA, George Dantas, a nova graduação terá um método inovador. “O curso será organizado em cinco módulos por semestre com quatro semanas de duração cada”. George explica ainda que o projeto pedagógico será baseado no método PBL, sigla inglesa para Problem-Based Learning (aprendizagem baseada em problemas), metodologia que usa como ferramenta de ensino situações que precisam ser solucionadas pelos alunos. O objetivo é ter um programa com uma técnica constante de ensino e dar ao estudante a oportunidade de aprender e vivenciar, ao mesmo tempo, um assunto.

O professor diz ainda que o foco é integrar o conjunto de disciplinas iniciais, chamado de ciclo básico, com o ciclo clínico – componentes curriculares específicos como ginecologia, oftalmologia e cardiologia. “O aluno não vai estudar de forma isolada a Fisiologia do Coração, por exemplo. Ele terá contato com um paciente com problema de pressão arterial e estudará o que é preciso para tratá-lo”.

Outro diferencial é que a graduação terá forte vínculo com o Sistema Único de Saúde (SUS), pois desde os primeiros módulos os discentes estarão presentes nos hospitais da rede pública. “Nosso aluno vai aprender no cenário real. Ele vai estudar e trabalhar na comunidade”, enfatiza.

Dados

De acordo com a Demografia Médica do Brasil, estudo organizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), em 2011, a média nacional de médicos registrados por mil habitantes no Brasil é de 1,95. O Sudeste aparece com 2,61, sendo a melhor distribuição de profissionais entre as regiões brasileiras. Já o Nordeste está com 1,19, à frente apenas no Norte.

No mesmo ano, o Rio Grande do Norte registrou uma média de 1,39, sendo a unidade federativa que possui a segunda melhor distribuição na região, perdendo apenas para Pernambuco com 1,51. Porém, os potiguares estão em 13º lugar entre os 27 estados brasileiros.

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