Para
cada 10 mil potiguares, há aproximadamente 14 médicos. Já na Região Sudeste,
que possui a melhor distribuição de profissionais no Brasil, a proporção é de
26 para cada 10 mil habitantes. Considerando a má distribuição de médicos nas
diferentes regiões do País e a necessidade de fixar especialistas em saúde fora
das capitais, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) oferece, a
partir de 2014, o curso de Medicina no interior do Estado.
A
nova graduação é uma proposta multicampi, o que significa que terá atividades
desenvolvidas em mais de uma sede: no Centro Regional de Ensino Superior do
Seridó (CERES), que tem campi situados nos municípios de Caicó e Currais Novos,
e na Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), localizada em Santa
Cruz.
“Além das necessidades médicas e estruturais,
também levamos em consideração a posição geográfica dos municípios envolvidos”,
esclarece a vice-reitora, que é também coordenadora da Comissão para Implantação
do Curso de Medicina e seu Projeto Pedagógico, Fátima Ximenes. Para ela, o
curso nasce com a preocupação de formar médicos com habilidades técnicas e que
possam aprender convivendo com a comunidade. “Nossa missão é formar
profissionais tão bons quanto os que estudam em Natal e que além das
competências técnicas possam desenvolver atitudes ético-humanistas”, reforça.
Como o panorama da saúde no Trairi e no Seridó é
diferente da realidade da capital, foi preciso criar um projeto pedagógico
diferenciado, mas que obedecesse às Diretrizes Curriculares Nacionais. “É
preciso respeitar as especificidades de cada local para entender as
necessidades dos pacientes”, explica a vice-reitora.
Segundo o coordenador do curso de Medicina do
CERES/FACISA, George Dantas, a nova graduação terá um método inovador. “O curso
será organizado em cinco módulos por semestre com quatro semanas de duração
cada”. George explica ainda que o projeto pedagógico será baseado no método
PBL, sigla inglesa para Problem-Based Learning (aprendizagem baseada em
problemas), metodologia que usa como ferramenta de ensino situações que
precisam ser solucionadas pelos alunos. O objetivo é ter um programa com uma
técnica constante de ensino e dar ao estudante a oportunidade de aprender e
vivenciar, ao mesmo tempo, um assunto.
O professor diz ainda que o foco é integrar o
conjunto de disciplinas iniciais, chamado de ciclo básico, com o ciclo clínico
– componentes curriculares específicos como ginecologia, oftalmologia e
cardiologia. “O aluno não vai estudar de forma isolada a Fisiologia do Coração,
por exemplo. Ele terá contato com um paciente com problema de pressão arterial
e estudará o que é preciso para tratá-lo”.
Outro diferencial é que a graduação terá forte
vínculo com o Sistema Único de Saúde (SUS), pois desde os primeiros módulos os
discentes estarão presentes nos hospitais da rede pública. “Nosso aluno vai
aprender no cenário real. Ele vai estudar e trabalhar na comunidade”, enfatiza.
Dados
De acordo com a Demografia Médica do
Brasil, estudo organizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), em 2011, a média
nacional de médicos registrados por mil habitantes no Brasil é de 1,95. O
Sudeste aparece com 2,61, sendo a melhor distribuição de profissionais entre as
regiões brasileiras. Já o Nordeste está com 1,19, à frente apenas no Norte.
No mesmo ano, o Rio Grande do Norte registrou
uma média de 1,39, sendo a unidade federativa que possui a segunda melhor
distribuição na região, perdendo apenas para Pernambuco com 1,51. Porém, os
potiguares estão em 13º lugar entre os 27 estados brasileiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
obrigado pela sua participação