Hoje advogado, mas Francisco Nunes (Titico) já foi estagiário do escritório de advocacia do advogado Dr José de Deus Alves dos Santos (in memorian). Ainda perplexo com sua partida, Dr Titico fez uma bontia dedicatória para o amigo Zé de Deus, como era mais conhecida.
“DE DEUS PARA DEUS”
Ele sempre dizia que por ser filho de uma .... seu nome
surgiu como uma resposta, de forma indireta para aqueles e aquelas que queriam,
a todo custo, saber quem era o seu pai.
Daí, então, veio à primeira preocupação dos vizinhos e
amigos para que sua mãe o registrasse. Foi, então, que quando sua mãe resolveu
registrá-lo, o(a) tabelião(ã) tão curioso(a) quanto as demais pessoas, logo
pensou: “se ela registrar o seu filho, eu saberei quem é o seu pai, pois toda
criança tem direito ao nome e sobrenome, que inclusive, sempre é o nome da
família do pai”.
Assim de tanto o(a) tabelião(ã) pedir para que ela registrasse
seu filho, ela foi ao cartório e lá se iniciou todo o processo de registro e,
mais, ainda, de curiosidade, quando no momento lhe foi feita as seguintes
perguntas:
1º) Qual é o nome da criança?
José, respondeu sua mãe;
2º) Mas, José de que?
De Deus, respondeu ela;
3º) Mas, José de Deus de que, perguntou novamente o(a)
tabelião(ã), já achando que agora iria associar o seu sobrenome à família do
seu possível pai.
Alves, fazendo referência à família Alves, que à
época já estava em evidencia.
4º) Mas José de Deus Alves do que, insistiu o(a)
tabelião(ã), acreditando que agora seria o momento de descobrir quem era o seu
pai.
Já que é de Deus e da família Alves que
é muito influente no estado, bote também dos Santos, pois só assim
ele ficará bem protegido.
E assim ficou JOSÉ DE DEUS ALVES DOS SANTOS, um nome
dado ao acaso, mas que não faz alusão a nenhum laço familiar com as mesmas, mas
sim, a Deus e aos Santos. Talvez fosse por isso que ele gostava tanto de ajudar
as pessoas, apesar de muitas vezes, ter um comportamento meu atípico à sua
posição, principalmente por ter um temperamento muito explosivo, porém, o
principal ele tinha: não guardava rancor, apesar de muitas vezes agir por
impulso.
É bem verdade que ele, assim como as demais pessoas, teve
seus momentos de alegria e também de muita estresse, mas, mesmo assim, não era
uma pessoa de aparência, pois se estava com raiva, todo mundo que o via, de
cara já identificava que ele estava assim, mas, por outro lado, se estava
alegre, também deixava transparecer sua emoção.
Certa vez, ainda quando eu estava estagiando no seu
escritório, ele me disse:
“A escola da vida é a melhor e a mais sábia que existe,
pois durante minha permanência na faculdade, apenas duas coisas eu aprendi:
1º) O Direito não protege quem dorme;
2º) Advogado que perde prazo, perde caso.
Quanto ao resto, eu aprendi mesmo foi na prática do dia a
dia nos fóruns pelos quais eu atuei”.
Assim, podemos afirmar que o Dr. José de Deus deixou um
legado traçado na vontade de trabalhar e no desejo de ajudar as pessoas, mesmo
que essa ajuda fosse a sua maneira, uma vez sendo bem aceita, outra mal
interpretada, mas assim ele viveu. Uma pessoa que não se apegava valores
materiais, nem tão pouco, as amizades selecionadas, pois para ele quanto mais
pobre e humilde, melhor era a sua amizade. Uma pessoa que sempre repreendia
quem o chamava de senhor, respondendo: “senhor tá no céu”. Um
profissional que só assinava como Bel., ao invés de Dr. como muitos outros
colegas o fazem.
Porém, agora não está mais conosco, foi habitar a morada
onde não há crimes e nem tão pouco covardias, mas há muito amor, perdão e paz
interior. Enquanto nós ficaremos aqui, alimentando a saudade e as lembranças
dos bons momentos que tivemos, quanto aos maus momentos, estes não é bom nem
mencionar.
Por fim, quero externar os meus sentimentos a toda
família do Dr. José de Deus, e dizer, lamento que somente agora, esteja dizendo
isso, mas que serei eternamente grato a ele pela a acolhida que ele me deu
durante quase 06(seis) meses, abrindo as portas do seu escritório para me
receber, e que o pouco que eu sei no campo do direito, grande parte aprendi com
a sua experiência profissional e de vida, e isso eu serei sempre grato a ele.
E para encerrar, transcreverei uma citação de Pedro Bial
que diz assim:
“Escreva a Sua História”
“Escreva a sua história na areia da praia,
Para que as ondas a levem através dos 7 mares;
Até tornar-se lenda na boca de estrelas cadentes.
Conte a sua história ao vento,
Cante aos mares para os muitos marujos;
Cujos olhos são faróis sujos e sem brilho.
Escreva no asfalto com sangue,
Grite bem alto a sua história antes que ela seja varrida na
Manhã seguinte pelos garis.
Abra o peito em direção dos canhões,
Suba nos tanques de Pequim,
Derrube os muros de Berlim,
Destrua as cátedras de Paris.
Defenda a sua palavra,
A vida não vale nada se você não tem uma boa história pra contar”.
(Pedro Bial)
Tenho plena certeza que o Dr. José de Deus efetivamente
fez a sua história aqui na terra, pois disso ninguém poderá duvidar, afinal
para ele viver era uma festa diária. Assim, encerro estas singelas palavras da
maneira que comecei, ou seja: DE DEUS PARA DEUS, com a certeza de que o
Dr. José de Deus foi ao encontro de Deus, e lá nessa nova morada, ele
encontrará e poderá desfrutar de tudo aquilo que aqui ele não alcançou.
Descanse em paz, na proteção do Senhor, que tudo vê e
tudo sabe, mas só age no tempo certo, mesmo que esse tempo seja por nós
incompreendido, afinal, quem somos nós simples mortais para querermos
compreender suas atitudes e ações?
Saudades eternas do seu ex-estagiário e amigo.
Francisco das Chagas Nunes de Brito
Bacharel em Direito / Economista e
Professor Especialista
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