O ex-deputado federal Ney Lopes (DEM) foi o primeiro
membro do partido da governadora Rosalba Ciarlini a analisar o rompimento do
PMDB com a base aliada, anunciado na última sexta-feira (30). Para o ex-parlamentar, que faz parte da legenda desde a
sua fundação, os peemedebistas desembarcaram da administração rosalbista devido
às pressões vindas do Planalto, que planeja unir a legenda em apoio a reeleição
da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014. Mas, continua Ney, a decisão não
tira do partido a corresponsabilidade pelos atos da atual gestão.
“O verdadeiro motivo do rompimento é o fato da presidenta
Dilma Rousseff e os dirigentes nacionais do PT terem afirmado claramente ao
ministro Garibaldi Alves e ao deputado Henrique Alves, que é fundamental para o
projeto de reeleição presidencial o apoio do PMDB”, disse Ney.
Segundo o ex-deputado, isso ocorre diante dos riscos de
divisão dos votos da petista no Nordeste, sob o iminente lançamento da
candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB-PE).
Até por isso Henrique Alves teria sido “suave” com a
governadora durante a confirmação do rompimento. “Não teria razões para agir
diferente. A governadora ‘prestigiou’ o PMDB com mais de 300 posições
administrativas de ‘porteira fechada’, o que tornou o partido corresponsável
com tudo que aconteceu no governo. Pegaria mal criticar Rosalba, diante de
tanta evidência”, acrescenta.
Ainda de acordo com o democrata, os projetos de Henrique
e Garibaldi estão vinculados ao futuro da presidente Dilma. O primeiro, deseja
ser reeleito deputado federal com uma “apoteótica votação” para tentar
manter-se na presidência da Câmara a partir de 2015. O segundo, pensa na
possibilidade de continuar ministro por mais alguns anos, caso a petista seja
reeleita. Enquanto isso, os dois continuam sendo cotados como prováveis
candidatos ao governo do Estado, condição negada por ambos. “Para concretizar
esse objetivo, terá que apoiar Dilma de ‘ponta a ponta’”, enfatiza Ney.
Nomes da chapa PT-PMDB
Para Ney Lopes, a união dos dois partidos no âmbito
regional só fortalecerá o projeto da deputada Fátima Bezerra (PT),
pré-candidata a senadora em 2014. Seria um nome natural da aliança, afirma o
ex-deputado, “até porque não tem outro pretendente”.
Já para governador, Ney relembra opiniões ditas pelo
próprio Garibaldi para incluir na lista o filho, o deputado Walter Alves
(PMDB), a quem considera “muito novo” para entrar na disputa. Mas, enquanto a
indefinição continua, é em torno deste que cresce a especulação nas hostes da
legenda.
Por fim, Ney aponta três possíveis cenários para o pleito
de 2014. O primeiro deles é a possibilidade de Rosalba “não se intimidar,
‘topar’ a reeleição e contar ao povo as dificuldades que enfrentou, as razões
das deserções, as lições que recebeu e anunciar o que fará, caso se reeleja”. A
favor desta tese, o democrata acrescenta o fato de haver um “governo limpo, sem
acusações de corrupção”.
“Outra alternativa para quem faça política com métodos
tradicionais, inspirados no passado, é o caminho de buscar ‘alianças’ as mais
estapafúrdias, com quem tenha dinheiro para pagar a ‘farra eleitoral’ e
garantir reeleições de deputados com ‘bolsos fechados’”. A última alternativa,
completa Ney, é de haver uma “zebra eleitoral”, um nome com o mínimo de apoio
político, “sem prometer o paraíso ou a ilha da fantasia”.
Ney Lopes relembra que, como dizia o ex-senador Dinarte
Mariz, “em política solidariedade só deve ser dada a quem está diante de crise
ou dificuldade. Quando tudo é mar de rosa, não. A solidariedade passa a
chamar-se oportunismo. O PMDB disse publicamente que não dará essa
solidariedade. Resta saber, a posição clara e sem subterfúgios dos seus demais
aliados, até hoje”.
portaljh
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