O ex-prefeito de Taipu, Francisco Marcelo Cavalcante
Queiroz; o ex-assessor da Prefeitura, Adauto Evangelista Neto; o empresário
Creso Venâncio Dantas; e o sócio da empresa Nard Comercial e Serviços Ltda.,
José Leonardo Pereira do Nascimento, foram condenados por dispensa indevida de
licitação para aquisição de merenda escolar, em 2003. Os quatro foram
denunciados em 2009 pelo Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte
(MPF/RN) e podem recorrer da sentença.
A pena aplicada a Francisco Marcelo foi de quatro anos e
seis meses de detenção, a serem cumpridos em regime inicialmente semiaberto.
Adauto Evangelista Neto foi condenado a quatro anos e dois meses de detenção,
também em regime inicialmente semiaberto; assim como Creso Venâncio, cuja pena
ficou em quatro anos e três meses. A condenação de José Leonardo Pereira do
Nascimento, a três anos e oito meses de reclusão, foi substituída pela doação
de cestas básicas e prestação de serviços à comunidade. Todos ainda terão de
pagar multa.
Em 2003, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
– FNDE – destinou R$ 45.370 ao Município de Taipu para a aquisição de gêneros
alimentícios, voltados à merenda escolar. Os quatro condenados, no entender da
Justiça Federal, participaram do esquema de montagem da licitação que deveria
definir a empresa fornecedora dos alimentos, mas que na verdade sequer foi
realizada.
De acordo com a sentença, “o procedimento licitatório,
sob a modalidade de carta-convite, não passou de uma montagem documental, uma
verdadeira farsa para ocultar a contratação direta de empresa previamente
selecionada, fora das hipóteses legais de dispensa de licitação (…)
Simplesmente não teve licitação (…), o que configura dispensa indevida”.
Adauto Evangelista Neto, juntamente com o ex-prefeito,
era o responsável pela escolha das empresas participantes, sendo também o
intermediário entre Francisco Marcelo e os membros da Comissão Permanente de
Licitação (CPL). Eles chegavam a apresentar os documentos já prontos para que
os integrantes da CPL assinassem. Já José Leonardo Pereira do Nascimento
representou a Nard Comercial e Serviços Ltda., que participou da suposta
licitação.
Creso Venâncio Dantas, por sua vez, era o gestor do
escritório de contabilidade Rabelo e Dantas (atual Online Digitação e Apoio
Logístico), onde foi descoberto, em agosto de 2003, um esquema de montagem de
licitações com repercussão em 73 municípios potiguares. As irregularidades
envolviam o Município de Taipu, então governado por Francisco Marcelo
Cavalcante. A prefeitura encaminhava ao escritório os nomes dos concorrentes,
já com indicação dos perdedores e do ganhador, para que o processo fosse
montado.
A licitação da qual trata a denúncia do MPF/RN foi
alterada e impressa em julho de 2003, embora os documentos fossem todos datados
de fevereiro e março daquele ano. Depoimentos de funcionárias do escritório
confirmam a manipulação de datas e falhas no esquema reforçam as
irregularidades. Um exemplo é o fato de o contrato assinado com a empresa
vencedora, a Distribuidora de Alimentos Santana, ser
datado de 17 de março, dois dias antes mesmo da homologação do processo
licitatório.
A ação penal tramita na 14ª Vara, sob o nº
0009622-35.2009.4.05.8400.
assessoria
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