O Marco Civil da Internet que era o principal ponto da
pauta do plenário da Câmara esta semana que tranca as votações de outros
projetos, não será votado hoje (29) como estava previsto. O presidente da Casa,
deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse há pouco que a matéria só
deverá ser apreciada na próxima terça-feira (5).
“Haverá proposta de uma comissão geral para discutir o
Marco Civil na terça, em plenário. Depois [os deputados] poderão votar na terça
a noite mesmo. É um tema muito polêmico e controverso”, explicou.
Há menos de dez dias, Henrique Alves havia declarado que
a Câmara não poderia ficar com a pauta trancada nem por mais um dia. Ainda
assim, o parlamentar precisou ceder. O Marco Civil da Internet tramita há quase
quatro anos no Congresso e, ainda divide posições de parlamentares em torno de
pontos sensíveis.
A matéria define direitos e deveres dos usuários e dos
provedores de internet, proibindo, por exemplo, que as empresas responsáveis
pela conexão repassem registros de acessos dos internautas para outras
empresas, garantindo o sigilo das comunicações exceto em casos de ordem
judicial. O texto ainda exige a manutenção da qualidade dos pacotes vendidos e
proíbe qualquer monitoramento, análise ou fiscalização do conteúdo dos pacotes
de dados.
O grande impasse gira em torno da garantia da
neutralidade da rede, criticado pelas empresas que atuam no setor e que vêm
pressionando alguns parlamentares para tentar travar a proposta. O princípio
definido no texto impede que as operadoras definam quais os tipos de acesso por
parte do usuário teriam maior ou menor velocidade dentro dos pacotes
oferecidos, fazendo com que o provedor de conexão fique obrigado a tratar da
mesma forma qualquer tipo de acesso a dados, sem diferenciação por conteúdo,
origem e destino, serviço, terminal ou aplicativo.
Com a nova data de votação, outros projetos que também
aguardavam a apreciação em plenário terão que ficar mais tempo na fila, como o
caso do Projeto de Lei 393/11, que prevê a publicação de biografias, independente
da autorização do personagem ou da família.
Henrique Eduardo Alves garantiu que, depois da aprovação do Marco Civil, os
deputados vão se debruçar sobre a matéria. “Depois do Marco Civil, que tranca a
pauta, vou colocar o projeto das Biografias na pauta da próxima quarta-feira
(6)”, garantiu, antecipando que o texto que será analisado em plenário é
elaborado pelo autor da proposta, deputado Newton Lima (PT-SP), com a inclusão
da sugestão do líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Caiado propôs que o projeto contemplasse um rito sumário
do Judiciário para casos em que as pessoas que se sentirem prejudicadas pelas
informações divulgadas possam ter uma resposta mais rápida na Justiça. “Acho
que [a sugestão] complementa a proposta”, explicou Henrique Alves.
“Sou favor do projeto. Acho que, na dúvida é sempre
melhor votar pela liberdade de expressão e da manifestação. A matéria é
controversa, é um tema que requer cuidado, mas, na dúvida, fico com a liberdade
de expressão e de pensamento”, antecipou o presidente da Câmara.
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