Uma revolução silenciosa acontece neste momento entre as mulheres. Ao contrário da
revolução silenciosa que começou nos anos 70 na qual as mulheres saíram de casa
para entrar no mercado de trabalho em massa, as mulheres atualmente estão
saindo do mercado de trabalho para voltar para casa. Porém, ao contrário das
mulheres de gerações anteriores, estas optaram pelo trabalho em casa não como
donas de casa mas como empreendedoras.
As mulheres têm aberto novos negócios nos últimos 20 anos em um número maior
do que os homens e tendem a criar negócios baseados em casa, em sua maioria
micro (com menos do que 5 funcionários) e pequenas empresas. As mulheres
criarão mais da metade dos 9,72 milhões (expectativa) de empregos através de
suas pequenas empresas até 2018 e mais e mais estarão fazendo isso através de
seus home offices em todo o país. Os dados liberados
esta semana pela Federação Nacional dos Negócios Independentes sobre as
mulheres de negócios durante a recessão (iniciada em 2008) realmente provou que
esta é uma revolução com poder permanente.
Recuperação do mercado perdido
A recessão foi dura com vários proprietários de pequenas
empresas e aproximadamente metade dasempresárias mulheres ainda não conseguiu voltar a alcançar
os resultados dos tempos de pré-recessão, mas elas perseveraram e se adaptaram
à nova economia. Controlar os custos foi a estratégia mais popular adotada
entre as mulheres empreendedoras para passar pelo período mais difícil
e houve um aumento de 52% no número de empreendedoras que passaram a usar a
mídia social para levantar os negócios enquanto economizavam verba para o
marketing.
“O resultado é um novo e grande grupo de mulheres
empreendedoras, à prova de crise e mais competitivas que a geração que as
precedeu”, afirma William Dennis em relatório. Com um número cada vez maior de
mulheres iniciando negócios e sendo bem-sucedidas, há uma oportunidade de
redesenhar o panorama do trabalho. Com a satisfação no trabalho e o próprio
ambiente de trabalho cada vez mais em baixa, algo precisa ser modificado e este
pode ser um passo na direção correta.
Vamos ser bem claros: não estou dizendo que as mulheres
são melhores ou que o fato de as mulheres iniciarem novos negócios seja um
mundo de maravilhas. É que as mulheres simplesmente fazem negócios de forma
diferenciada e a diferença deve ser bem recebida. Muitas mulheres vêem as
corporações hoje em dia como tendo fundamentalmente falhas limitadoras em seus
valores estruturais. O Guardian Life Index, uma iniciativa para entender os
pequenos empresários norte-americanos, cita a “política do escritório” como um
fator fundamental para as mulheres deixarem o mundo corporativo e iniciarem um negócio próprio. Apesar
do custo inicial de um pequeno negócio em um período de baixas, as mulheres têm
dito “não, obrigada” a essa escalada no mundo corporativo, onde é preciso lidar
com politicagens e trabalhar longas jornadas sem necessariamente sentirem-se
realizadas.
Muitas mulheres iniciam seus negócios alinhados com os
valores pessoais e que oferecem liberdade e flexibilidade com relação à sua
agenda. “O que antes era um telhado de vidro para as mulheres e limitava suas
carreiras, hoje pavimenta uma nova estrada rumo ao mundo do negócio próprio,
onde as mulheres podem usar sua sabedoria enquanto constroem laços familiares
fortes” diz Erica Nicole, que abandonou o mundo corporativo para criar a
revista YFS.
Para algumas mulheres, a insatisfação com o mundo
corporativo começa antes até de entrarem no mercado de trabalho. A estrada para
o empreendedorismo para Shama Kabani teve início depois de muito insistir na
carreira de mídias sociais apesar de ter sido rejeitada pelo mundo corporativo.
“Depois de 18 empresas terem me dado resposta negativa, comecei minha própria
empresa de mídia social e RP digital com $1,500”, explica Shama. Sua empresa, a
The Marketing Zen Group, agora é uma companhia multi-milionária que emprega 25
pessoas.
Também há a questão da geração Y, com mulheres que nem
mesmo consideram a hipótese de ter uma carreira corporativa ou se estressar em
um emprego tradicional, mas que perseguem o empreendedorismo, como Meghan
Casserly citou em sua postagem super popular no blog Forbes.com. As mulheres
Millennial anseiam a independência.
“Tomar a decisão de não seguir um sistema ou as regras de
outra pessoa me permitiu descobrir e explorar meus talentos e potenciais sem
perder tempo me sentindo chateada ou inútil”, comenta Ishita Gupta, que criou a
FEAR.LESS Magazine enquanto fazia um programa de MBA alternativo do Seth Godin.
FEAR.LESS está em uma missão de prover ferramentas mentais para as pessoas
lidarem com o medo, algo que ainda freia muitas mulheres com espírito
empreendedor, mesmo que já tenham experiência em abrir novos negócios.
As mulheres a frente dos novos negócios
De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor, 47,7%
das mulheres contra 62,1% dos homens acreditam serem capazes de iniciar e
gerenciar um negócio próprio. Treinamentos para negócios como o de Seth (AMBA)
podem ser a chave para construir esta ponte de confiança que separa homens e
mulheres quando o assunto é começar um novo negócio.
Incubadoras com foco no público feminino e eventos como
os realizados pelo Women 2.0 e Ladies Who Launch ajudam as empreendedoras a
construir network, ganhar confiança e aprender com as mulheres de sucesso. Mas
aqui vale um alerta para os cursos que reforçam o “mulheres somente”, pois
podemos aprender muito mais com mentores homens e mulheres. É importante
aprender com os empreendedores de sucesso, com diferentes perspectivas e
experiências, pois vão ajudar você a se tornar mais dinâmico e ágil como dono
de um negócio.
Precisamos ser líderes dinâmicos e estrategistas ágeis
para remodelar o ambiente de trabalho que claramente não está mais funcionando.
Fazer do mundo um lugar melhor com um trabalhador e um ambiente de trabalho por
vez certamente será uma estrada pavimentada com desafios, mas se afundarmos
nossos saltos nelas e provarmos para nós mesmas em situações difíceis como na
pior recessão de nossas vidas, eu acho que conseguiremos então passar por
qualquer coisa. Uma coisa é certa: o movimento das mulheres atualmente, a
Revolução Silenciosa do século 21, veio para ficar e está ficando cada vez mais
barulhenta.
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