O movimento para a emancipação política de Piquiri, distrito de Canguaretama
com 10 mil habitantes, conta com o apoio da Assembleia Legislativa (ALRN), que
realizou um debate na tarde desta terça-feira (11). O presidente da Casa,
deputado Ricardo Motta (PROS), destacou a importância do futuro município ter
autonomia para gerir seus próprios recursos e colocou o parlamento à total disposição
para auxiliar nesse processo.
“Estamos irmanados para lutar pela emancipação política
de Piquiri e vamos colocar nossa equipe técnica totalmente à disposição no que
for necessário”, afirmou Ricardo Motta. O distrito tem cerca de 10 mil
habitantes e sua importância no cenário social, político e econômico de
Canguaretama foi destacada pelos participantes.
Além de contar com mais de 10 mil habitantes, o distrito dispõe da infraestrutura necessária
para um município, como escolas municipal e estadual, posto de saúde, creche,
posto policial, serviços de Correios, grande número de ruas pavimentadas e uma
extensa área agricultável e de expansão urbana, possibilitando assim a criação
de mecanismos de desenvolvimento econômico.
O debate foi uma proposição do deputado Antônio Jácome
(PMN) e também contou com a presença dos colegas Gesane Marinho (PSD), José
Adécio (DEM), Fernando Mineiro (PT) e Ezequiel Ferreira (PMDB), além de
vereadores, lideranças políticas da região e da própria comunidade. Também
presente o presidente do Movimento Emancipalista do Rio Grande do Norte
(MOERN), Vandilson Targino.
Ezequiel Ferreira afirmou que transformar Piquiri em município é uma questão de
justiça que se sobrepõe à questão partidária. Gesane Marinho, que já realizou
audiência pública para tratar do mesmo tema em Canguaretama, recentemente,
lembrou a força do distrito, quem mais elegeu vereadores (seis) para a Câmara
Municipal.
Lei federal
A Câmara dos Deputados aprovou, em junho passado, projeto
que dá brecha à criação de municípios pelas Assembleias Legislativas dos
estados. Existem atualmente no Brasil 410 municípios que estão pleiteando
emancipação. No Rio Grande do Norte, cinco municípios já deram entrada nesse
processo: Agrovila Maísa (Mossoró), Soledade (Apodi), São Geraldo (Caraúbas),
Diogo Lopes (Macau) e um distrito na cidade de Luís Gomes. Algumas outras
localidades também chegaram a se mostrar dispostas a participar do processo,
mas não têm número de pessoas e estrutura suficientes para o pleito.
O projeto aprovado voltou para o Senado e foi aprovado
pelos senadores em 16 de outubro passado. Estabelece normas mais rígidas
das válidas antes de 1996, exigindo a realização de um Estudo de Viabilidade
Municipal e a realização de plebiscitos envolvendo não só a população a ser
emancipada, como a da chamada cidade-mãe que irá perder parte de seu
território. O plebiscito será feito preferencialmente junto com as eleições
gerais, para redução de gastos. Caso a presidenta Dilma Roussef não sancione o
projeto, ele tem sanção tácita e já passa a vigorar.
Entre as regras está a exigência de um número mínimo de
habitantes, que irá variar de acordo com a região, além de condições econômicas
que permitam a consolidação e desenvolvimento dos municípios. De acordo com o
projeto, será considerada a média aritmética da população dos municípios médios
brasileiros, que, de acordo com os deputados hoje é de 12 mil habitantes. No
caso do Norte e Centro-Oeste, o novo município terá que ter população
equivalente a pelo menos 50% desta média (pelo menos 6 mil habitantes); no
Nordeste, 70% da média nacional (o que tornaria Piquiri hábil a se
emancipar) e no Sul e Sudeste, 100% desta média.
O projeto diz que o estudo de viabilidade municipal só
será levado adiante se o minimo populacional for cumprido, junto com o apoio de
20% dos eleitores da área a ser emancipada. O pedido é encaminhado à Assembleia
para a realização do estudo de viabilidade econômico-financeira;
político-administrativa e sócio-ambiental e urbana. No caso da viabilidade
econômica, o projeto exige a comprovação de o novo município ter receitas de
arrecadação própria, capacidade de se manter e cumprir a aplicação dos
percentuais mínimos em educação e saúde. O texto diz que os estudos serão
feitos, preferencialmente, por instituições públicas de comprovada capacidade
técnica e serão concluídos, em prazo máximo de 180 dias após sua contratação.
A proposta original foi apresentada pelo senador
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e aprovada, em 2008, pelo Senado. Foi para a
Câmara, voltou para o Senado e só agora em 2013 foi aprovada. O
texto aprovado foi negociado com líderes de vários partidos e pelo governo
federal. O deputado José Augusto Maia (PTB-PE) negociou o substitutivo com o
governo. Segundo ele, a proposta é rigorosa, mas permitirá a correção de
problemas vividos por alguns distritos que estão muito distantes do município a
que está vinculado.
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