MÚSICA
RPM no Teatral Riachuelo
Fazia 23 anos que o RPM não gravava um álbum em estúdio.
Fazia 23 anos que o RPM não soava tão....RPM. Por mais que o jogo de palavras
pareça proposital para uma abertura estilosa sobre o disco Elektra, a
afirmação é totalmente verdadeira. Se o RPM criou um estilo dentro do incensado
BRock dos anos 1980, com este disco o grupo mostra que criou realmente uma
grife.
Você ouve cinco segundos de qualquer das 12 faixas
inéditas e mesmo antes da assinatura de voz de Paulo Ricardo, que não deixa
qualquer dúvida, você sabe que estão ali Fernando Deluqui (guitarra), P.A.
(bateria) e Luiz Schiavon (teclados e programação). Você sabe que o RPM está
lá, na íntegra. E na melhor forma.
Faça o teste. Ouça o começo de “2 Olhos Verdes”, que já é
o segundo rock mais tocado nas rádios do país. É o pós-punk da época em que o
grupo nasceu, com sonoridade encharcada de Gang of Four, estalando de
modernidade e energia.
“Penso que a maior influência do RPM é o próprio RPM.
Temos marcas próprias, estilo próprio, uma maneira de compor e tocar que são
particulares e valorizamos muito isso”, confirma Schiavon.
“(Elektra) É o conceito de um RPM update, de identificar
e desenvolver nosso estilo, nossa marca, uma banda de tecnopop, um rock
dançante, eletrônico, com letras instigantes. Uma banda que se orgulha de sua
história, mas que olha pra frente”, completa Paulo Ricardo.
O grupo já havia se reunido há 10 anos. Mas em condições
específicas, para um projeto ao vivo da MTV. “Aquele foi um projeto com começo,
meio e fim. Hoje retomamos a carreira pensando em material totalmente inédito,
shows com a banda em sua formação clássica de quarteto, sem participações.
Voltamos ao bom e velho rock e a volta é definitiva”, diz o tecladista.
O desenho do retorno começou a se desenhar em 2008,
quando foi lançado o box comemorativo de 25 anos de carreira. A Rede Globo
resolveu homenageá-los no programa “Por Toda a Minha Vida”, e dali para
conversas sérias sobre a volta foi um pulo. “Ficamos muito emocionados com a
homenagem e vimos o carinho que as pessoas tem pela banda. E em novembro de
2010 começamos a compor as músicas do novo álbum”, conta Paulo Ricardo.
Em abril do ano passado fizeram alguns shows para
esquentar. E finalizaram o ano com 70 apresentações pelo país, mirando nos três
digitos de shows em 2012 e um DVD do registro da turnê para o segundo semestre.
A promessa do baixista/vocalista é de “superprodução que demonstra mais uma vez
que o RPM não deve nada às bandas lá de fora. Projeções, laser, elevadores,
figurino, enfim, um show como os fãs esperam que seja: mega”.
Enquanto você não assiste o show (ao vivo ou em DVD), há
material de sobra em Elektra para se deliciar.
Há power baladas de piano como “Problema Seu” e “Vidro e
Cola”. Paulo Ricardo domina com uma linha de baixo matadora “Muito Tudo”,
disco-house-electro com energia no talo.
O rock é a especialidade do quarteto, e vem na sequência
com “Pessoa X”, em clima mezzo orgânico, mezzo eletrônico. “Cassino Royale”
segue a mesma toada, de rockão para se ouvir pulando junto.
“Deusa das Águas” é uma balada chilli pepperiana com
acento forte de sintetizador. Instrumento que domina também a música que batiza
o album, a funkeada “Elektra”.
Há um house rock no miolo da obra, “Crepúsculo”, e a
sequência final com “Ela é Demais (Para Mim)”, “Ninfa” e “Santo Graal”
coloca-os na trilha de rock com sintetizador e astral batendo no teto.
Pergunto qual é o segredo. “Endurecer sem perder a
ternura. Evoluir sem perder o estilo. Ousar, inovar, lançando um cd duplo,
cheio de remixes”, diz Paulo Ricardo.
“Creio que hoje tenhamos retomado exatamente a mecânica
dos anos 80. Essa é a forma com que a banda tem melhor desempenho e com essa
visão distanciada 28 anos no tempo isso se tornou muito claro para nós. É claro
que houve um tremendo avanço tecnológico e incorporamos isso no dia-a-dia da
banda, mas a essência do método de trabalho é exatamente a mesma dos 80”,
complementa Schiavon.
RPM estará com "Elektra" dia 05 de abril, às
21h no Teatro Riachuelo. Simplesmente imperdível!