A violência, que
antes se concentrava nas capitais e regiões metropolitanas, migrou para o
interior e para estados que até dez anos atrás registravam taxas de homicídio
mais baixas. Mas a principal vítima continua a mesma: o homem jovem, de cor
preta ou parda. Os dados fazem parte do Mapa da Violência 2013 — Homicídios e
Juventude no Brasil, do sociólogo Julio Jacobo.
O Nordeste, em
especial Alagoas e Bahia, concentra as cidades mais violentas para os jovens
brasileiros. Foram excluídas do levantamento cidades com menos de 10 mil
jovens, para evitar distorção nos dados. A cidade mais perigosa para os jovens
é Simões Filho, na Bahia, com taxa de 378,9 assassinatos para cada grupo de 100
mil.
Em segundo lugar, está Rio Largo, na Região Metropolitana de Maceió, com 324,1
assassinatos por 100 mil jovens. Em seguida está a própria capital alagoana,
Maceió (288,1). Alagoas é, inclusive, o estado mais violento, com 156,4
homicídios para cada 100 mil jovens.
Fora do Nordeste,
destacam-se negativamente Pará, Goiás e Paraná. Ananindeua, na Região
Metropolitana de Belém, é a quarta cidade com maior taxa de homicídio entre os
jovens: 286 por 100 mil. Em Goiás, a região mais perigosa é o entorno de
Brasília. São Paulo é o estado menos violento para os jovens.
No Rio, há quatro
cidades entre as cem piores: Duque de Caxias (135,2 assassinatos por 100 mil
jovens), Macaé (119,1), Cabo Frio (115,1) e Nova Iguaçu (94,2). Em todo o
Estado do Rio, foram 58 jovens assassinados em 2011 por 100 mil.
Para OMS, taxa é epidemia
Em 2011, em todo
o Brasil, houve 27,1 assassinatos para cada 100 mil habitantes, número que
pouco mudou em relação a 2010, quando a taxa foi de 27,5. Entre os jovens de 15
a 24 anos, a taxa é quase o dobro. Em 2011, de cada 100 mil jovens, 53,4 foram
assassinados, um pouco abaixo dos 54,7 do ano anterior. A Organização Mundial
da Saúde (OMS) considera epidemia quando a taxa fica acima de dez casos por 100
mil pessoas.
Jacobo explicou
que estados mais violentos há dez anos, como São Paulo, Rio e Pernambuco,
tiveram mais investimentos em segurança. Outras regiões, onde surgiram novos
polos de crescimento econômico, viram a criminalidade crescer. Além de atraírem
mais pessoas, não se prepararam para o crescimento econômico e populacional dos
últimos anos.
Entre as
capitais, todas têm taxa acima da considerada epidêmica. Mesmo em São Paulo,
onde os números são os mais baixos do país, houve 20,1 homicídios para cada 100
mil jovens em 2011. O Rio é a quinta capital menos violenta para os jovens:
41,4 assassinatos por 100 mil.
O estudo aponta
também que o número de homicídios entre os jovens brancos caiu de 6.596 em 2002
para 3.973 em 2011. Entre os pretos e pardos, subiu de 11.321 para 13.405 no
mesmo período. Segundo Jacobo, na Guerra do Iraque, entre 2004 e 2007, a taxa
de mortes foi de 64,9 por 100 mil habitantes: ou seja, comparável com a taxa de
várias cidades e estados brasileiros.
Em 2011, no país,
foram 23,2 mortes no trânsito para cada 100 mil pessoas. Quando considerados
apenas os jovens, a taxa sobe para 27,7.