O assunto tomou conta de redes sociais e é um dos mais
comentados em Natal. Na manhã de ontem (29), uma das padarias mais conceituadas
da capital potiguar foi palco de uma discussão acalorada entre um
desembargador, um garçom do estabelecimento e clientes. De acordo com pessoas
que estavam no local durante a confusão, o incidente começou quando o
funcionário da padaria teria entregue um copo descartável com pedras de gelo ao
desembargador do Tribunal de Justiça do RN, Dilermando Mota, que por sua vez,
teria maltratado o atendente com insultos, cena que causou a comoção de vários
clientes que interferiram a favor do garçom.
Segundo o empresário Adelino Marinho, proprietário da
padaria, o ocorrido aconteceu por volta das 9h30 e durou cerca de 45 minutos.
“Não estava no início, mas cheguei a tempo. Fui informado que o garçom levou o
copo descartável com gelo e o desembargador teria pedido um copo de vidro, mas
o garçom não teria ouvido e ele foi ao encontro do garçom já com insultos”.
Adelino também conta que mesmo com o destempero do
magistrado, o funcionário não teve reação nenhuma e chegou a cair no choro. Foi
nesta hora, que houve uma comoção no lugar e um cliente, em especial, chamado
Alexandre, não se conteve e interveio na situação. “Este cliente tomou as dores.
Ele e o desembargador ficaram muito exaltados. Foram várias ofensas e se não
houvesse pessoas para tentarem acalmar os ânimos poderia haver agressão física.
O desembargador chamou a polícia e chegaram quatro viaturas para prender o
cliente. O responsável pelo destacamento deu voz de prisão, mas a mobilização
dos clientes foi imediata e teve uma senhora que até se abraçou no Alexandre e
disse que se ele fosse preso, ela também seria”, contou Marinho.
O empresário ainda explicou que a polícia não efetuou a
prisão e o desembargador junto com a polícia foram para o estacionamento
aguardar a saída do Alexandre, que ficou dentro da loja. “Os clientes não
quiseram ir embora e foram muitos solidários ao Alexandre. No fim das contas a
polícia foi embora. Vivemos num mundo globalizado e recebi ligações de fora,
até de Porto Alegre, comentando o que aconteceu, que os vídeos já estavam com
milhares de visualizações nas redes sociais.
Mas é importante ressaltar que a opinião pública julga
primeiro do que a justiça. Espero que o ocorrido sirva de exemplo para
não acontecer mais. Embora visemos um alto padrão no atendimento, erros
acontecem e de repente um cliente pode ter sido atendido de uma maneira que não
tenha gostado. Mas neste caso, houve ofensas morais e um erro não justifica o
outro”, pontuou Adelino Marinho.
Na manhã desta segunda-feira (30), o ambiente estava
tranqüilo na padaria e a equipe de colaboradores de ontem já não era mais a
mesma desta segunda-feira (30), devido ao sistema de escala. Segundo a direção
da empresa foi concedida folga ao garçom envolvido na confusão, devido ao
abalado estado emocional em que se encontra.
Clientes e garçons da padaria estão se mobilizando
através das redes sociais para promover um “abraço aos garçons”, a partir das
8h do próximo dia 8 de janeiro, como uma forma de protesto.
O desembargador Dilermando Mota ainda este ano assumirá a
presidência do Tribunal Regional Eleitoral, em tempo de presidir as eleições de
outubro. O desembargador se pronunciou através de uma nota de esclarecimento e
afirmou que “um simples e moderado pedido de esclarecimento de um cliente a um
garçom, que já havia sido solucionado, gerou uma reação de um terceiro com
ameaças, gritos e total desrespeito ao público presente”.
Ainda segundo a nota, “não houve abuso de autoridade, mas
somente uma atitude de defesa pessoal e da filha presente, inclusive uma filha
menor de dois anos de idade. Sem nenhum propósito revanchista, as medidas
judiciais cabíveis serão adotadas”.
Já no final da manhã de hoje, a padaria Mercatto publicou
uma nota oficial reafirmando o compromisso de um trabalho diário de dedicação e
cuidado, qualidade no atendimento, zelo aos clientes e lamentando o episódio
que aconteceu nesse domingo. Ainda segundo a nota, a empresa está oferecendo
todo o suporte necessário ao funcionário envolvido no episódio e está à
disposição das autoridades para qualquer tipo de esclarecimento.
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