“Esse senhor Henrique Alves, o que foi que ele fez pelo
estado em 40 anos? Nós perdemos quase 40% do rebanho bovino com a seca em 2012,
uma tristeza. Eu vi alunos meus chorando dentro da sala de aula, relatando que
a família dele tinha 250 cabeças de gado e restaram 20. O Nordeste perdeu 40%
do rebanho, milhões de cabeças de gado. Esse senhor, como presidente da Câmara
dos Deputados, eu pergunto a você, o que ele fez para impedir isso? O que ele
fez pelo Estado?”.
As aspas acima são do professor Robério Paulino,
economista e membro do Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN). Ele será o candidato do PSOL governador do Rio Grande
do Norte.
“O que o senhor Henrique Alves fez para transformar esse
estado? Qual foi a grande lei que mudou a realidade? Nós temos ainda hoje 18,5%
de analfabetos, um em cada cinco potiguares são analfabetos, isso é uma
vergonha para o Estado, nós estamos no século XXI. Pois eu digo a você, se me
couber a chance de chegar ao governo nós vamos zerar o analfabetismo em no
máximo oito anos. Eu tenho estudado muito as experiências do Japão, da Coréia
do Sul e de outros países e eu lhe digo: esses países só arrancaram de serem
países atrasados para serem países de ponta tecnologicamente com educação de
qualidade. Nós vamos dar um choque em nosso estado. Eu sou professor há trinta
anos e sei como fazer isso”, afirmou, durante entrevista ao programa “RN em
Debate”, da TV União.
“Esses nomes como o de Henrique Alves e a família dele,
essa oligarquia Alves que está aí há 60 anos, vive para parasitar a máquina
pública, para defender seus interesses e de seus amigos”, continuou Robério
Paulino.
FISIOLOGISMO
Estudioso da política e da administração pública, o
professor Robério Paulino afirma que o RN está diante de um chapão formado por
Henrique como candidato a governador e a ex-governadora Wilma de Faria
candidata ao Senado, com ambos representando, segundo ele, o que há de mais
clássico em termos de fisiologismo e clientelismo na política brasileira.
“Nós estamos vendo um chapão aí, que eu chamo de conluio,
o conluio da velha política, encabeçado pelo senhor Henrique Alves, pela
senhora Wilma Maia, que representam, para mim, o que tem de mais clássico, mais
tradicional e mais antigo na política brasileira. O partido do senhor Henrique
Alves é especialista no loteamento da máquina pública. Qualquer governo que
chegue, eles apoiam, desde que eles tenham tal, tal e tal secretária, o que a
gente chama de fisiologismo. Outra base do fisiologismo da política brasileira
é o clientelismo, é você conceder um IFRN ou conceder uma escola em um bairro
como favor, pensando nas próximas eleições. Isso é a coisa mais antiga, é a
base, são os pilares da política brasileira, o que nós rejeitamos por
completo”.
Robério ilustra suas críticas ao atual presidente da
Câmara dos Deputados recordando o uso do avião da FAB, por Henrique, para
assistir a um jogo do Brasil durante a Copa das Confederações, no Rio de
Janeiro, em pleno momento de revoltas pelo país, em junho de 2013.
“O senhor Henrique ele foi capaz de pegar o jato da FAB
com sua família, gastar quase R$ 200 mil para ir para um jogo na Copa das
Confederações no Rio de Janeiro e depois disse que devolveu o dinheiro, mas
devolveu R$ 9 mil. Isso é a expressão de como esses políticos entendem a
máquina pública”, afirmou Paulino, que também é especialista em Políticas
Públicas e diz ter lutado a vida inteira por uma modernização completa e uma
moralização da máquina pública, com redução significativa de cargos
comissionados.
“A política pública é entendida como um direito universal
das pessoas, porque o dinheiro que faz as políticas públicas é dinheiro de
impostos das pessoas e tem que voltar para as pessoas, não é dinheiro de
político nenhum, nem de deputado, nem de vereador, nem de governador, enfim,
nós temos que mudar essa visão, nós temos que resgatar os serviços públicos”,
afirma.
Comparação do candidato:
“PSOL tem peso maior que PSTU no RN”
Quanto às críticas do PSTU, que chamou de “hegemônica” a
postura do PSOL ao não abrir mão da cabeça de chapa para o PSTU, rachando a
frente ampla de esquerda, Robério disse respeitar, mas não concorda com a
classificação de posição hegemônica.
“O PSTU acha que tem hoje um peso social maior em Natal,
nós achamos o contrário, que nós temos uma partido com um peso muito maior. Por
exemplo, o PSTU tem pouquíssima circulação no interior, nós estamos em dezenas
de cidades pelo interior. Respeitamos a aprovação da companheira Amanda
(Gurgel, vereadora em Natal, eleita com mais de 30 mil votos em 2012), eu
inclusive fiz o chamado para que fosse a mais votada nas eleições passadas, mas
nós achamos que o PSOL nacionalmente tem mais possibilidades”, disse.
Robério disse ainda que o PSOL está disposto a abrir a
discussão, inclusive cedendo a cabeça da chapa ou fazendo uma composição, desde
que haja um processo democrático. “O que é que nós propomos e que os
companheiros do PSTU não entendem e não é aceitam? Que haja um processo
democrático de todo o movimento social, aberto, uma frente de fato, não só
entre os dois partidos, com todos aqueles que estiveram nas ruas em junho, nas
organizações sociais, a juventude, e que a gente abra esse processo e que o
movimento social decida quem devia ser a cabeça da chapa da frente de esquerda.
Nós nos submetemos a isso; os companheiros não aceitam, essa é a diferença
conosco, que os companheiros colocam os interesses do seu partido acima dos
interesses do movimento, na nossa opinião. Não é hegemonismo do PSOL. Então
façamos um desafio, vamos abrir o processo para conformar essa frente de
esquerda, aberta aos movimentos sociais, aos lutadores e deixemos que o
movimento decida quem tem mais peso e melhores condições de enfrentar esse
debate”, afirmo.
Segundo Simone Dutra, do PSTU, o partido não abre mão de
lançar candidatura ao governo e gostaria que o PSOL, que foi apoiado pelo PSTU
na eleição passada para prefeito de Natal, dessa vez, apoiasse o PSTU,
indicando o vice e mantendo a frente de esquerda. Com o racha na frente de
esquerda, os dois partidos devem apresentar candidatos próprios ao governo e ao
Senado.
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