A espera pela aprovação de duas Propostas de Emenda à
Constituição (PECs) – que visam o aumento de 2% no Fundo de Participação dos
Municípios (FPM) -, foi o tema central do SOS Municípios 2014. O evento,
organizado pela Federação dos Municípios do RN (Femurn), reuniu prefeitos,
vice-prefeitos de todos os municípios potiguares que exigiram dos deputados
federais e senadores do RN que juntem esforços e tentem colocar a votação das
PECs na pauta do Congresso Nacional. Caso o reajuste seja aprovado, o FPM passará
de 23,5% para 25,5%.
As duas PECs que estão tramitando nas Comissões de Constituição e Justiça
(CCJ) das duas Casas Legislativas. No Senado, é a PEC 39/2013 e na Câmara dos
Deputados, é a 341/2013. Durante o evento, o presidente da Femurn, o prefeito
de Lajes, Benes Leocádio (PP) apresentou um quadro com a situação de 19 cidades
potiguares que, até ontem (10) não haviam recebido o repasse do FPM. “Estão
todas com saldo zerado. Se no mês de abril está assim, imaginem nos outros
meses em que a arrecadação deve cair. As soluções paliativas não estão mais
resolvendo. O que vemos é uma disparidade entre a folha de pagamento dos
municípios e a receita. Os prefeitos não têm como buscar recursos onde não
existe”, declarou.
Outro assunto debatido durante o evento foi a suspensão da nova distribuição
dos royalties do petróleo entre os municípios brasileiros. O projeto havia sido
aprovado na Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. No entanto, a ministra
do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia concedeu medida cautelar
(provisória) para suspender a nova redistribuição dos royalties do petróleo.
A deputada federal Fátima Bezerra (PT) lamentou a decisão do STF e declarou que
os prefeitos não podem aceitar tal situação. “Não é aceitável que depois de
tanta briga, tenhamos conseguido aprovar a Lei e agora isso fique travado no
STF. Essa redistribuição vai representar um socorro para os municípios.
Vencemos essa batalha na Câmara, pois mesmo com uma bancada pequena, de 71
deputados do Nordeste, conseguimos ultrapassar as barreiras. Agora precisamos
atravessar essa nova barreira”, disse.
A vice-prefeita Wilma de Faria (PSB) disse que a situação dos municípios nunca
esteve tão difícil e sugeriu aos prefeitos que cobrem dos candidatos à
presidência uma posição sobre o tema. “Reconheço a dificuldade dos municípios e
declaro total apoio. Os gestores estão desamparados, sem a atenção do Estado e
nem da União. Durante esta campanha para presidência, vamos fazer um debate com
os candidatos, saber quem pretende se comprometer com esse tema”, declarou.
O vice-governador Robinson Faria (PSD) parabenizou a capacidade de articulação
do presidente da Femurn, Benes Leocádio e a união dos prefeitos e se
surpreendeu com a demora na aprovação das PECs. “Essas Propostas vão fazer
justiça aos municípios. Vejo muito discurso, muito debate, mas nada de uma
pactuação concreta. Os deputados esquecem que o voto que eles recebem vêm das
cidades, mas muitos não lutam pelos municípios.
PREFEITOS
A prefeita do município Riacho da Cruz, Bernadete Rego (DEM), que é presidente
da Associação dos Municípios do Oeste do Rio Grande do Norte (AMORN), fez
cobranças aos deputados federais, dizendo que desde 1989, quando começou a
participar desses movimentos municipalistas, só vem ouvindo discursos. “Se as
coisas não melhorarem, os prefeitos vão terminar seus mandatos na cadeia, pois
não têm condições de fazer os pagamentos. O Governo Federal empurra projetos
para os municípios sem saber o que, de fato, precisamos. Mas obriga os gestores
a abrirem creches, mas não oferece condições para que possamos manter essas
estruturas. O Governo que números para mostrar em campanhas”, declarou.
O prefeito do município de Afonso Bezerra, Jackson Bezerra (PSD) disse que
participou da reunião da CCJ, na Câmara dos Deputados e saiu de lá decepcionado.
“É necessário sermos mais profissionais. Temos que trabalhar, pois o rolo
compressor é grande. Com amadorismo não vamos conseguir nada, pois não
representamos preocupação nenhuma para o Governo Federal. Não dá para
pulverizar nossa luta, precisamos ter foco e nos unir”, declarou.
GOVERNADORA
A governadora Rosalba Ciarlini participou do evento e declarou que o Estado só
irá bem se os municípios também estiverem. “Nós temos que continuar cobrando
compromisso dos deputados e durante a campanha presidencial, também cobrar dos
candidatos. Espero que o Senado, a Câmara e o Governo Federal reconheçam a
injustiça que estão fazendo com relação às PECs e a distribuição dos royalties.
Contem com meu total apoio”, afirmou. A chefe do Executivo estadual falou,
ainda, sobre dois projetos de Lei encaminhados à Assembleia solicitando um
empréstimo de R$ 850 milhões e outro que pretende criar um Fundo Municipalista.
APOIO DA ASSEMBLEIA
O presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Ricardo Motta (PROS), por
sua vez, declarou que tais projetos chegaram à Casa faltando quatro dias para o
recesso parlamentar e, por isso, os deputados não tiveram condições de
apreciá-los. “Esses projetos estão tramitando nas comissões temáticas da
Assembleia e tenho certeza que terá o apoio dos parlamentares desta Casa. Vamos
fazer um esforço para votar, pois não somos contra nenhuma matéria que favoreça
os municípios. Pelo contrário, esta Casa é parceira de todos os municípios”,
afirmou.
Quanto aos pleitos dos prefeitos, o deputado Ricardo Motta disse que oferece
total apoio e declarou que a raiz do problema está em Brasília. “O que a
AL pode fazer é se solidarizar e oferecer ajuda no que for preciso. Contem com
nossa parceria”, disse o presidente aos gestores municipais.
LÍDERES
Diante das reivindicações dos prefeitos, o deputado Fábio Faria (PSD) – que
está na presidência da Câmara dos Deputados interinamente -, declarou que as
PECs só podem entrar em votação se os líderes partidários a colocarem na pauta.
“Entendo o lado de vocês, mas acho que devem cobrar dos seus líderes também.
Somos 513 deputados e precisamos de 308 votos para aprovar os projetos. Mas
quem define a pauta são os líderes”, declarou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
obrigado pela sua participação