Nasceu no final da tarde desta quarta-feira, dia 2 de
abril, as trigêmeas filhas de Maria Dulcineia da Silva, de 35 anos, que ficou
popularmente conhecida na Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC) como
“Joaninha”, em função da sua baixa estatura. Maria Dulcineia é uma anã com 1,20
metro de altura.
Este é o primeiro caso de uma gestação trigemelar de uma
paciente anã realizado na Maternidade. As três filhas – Maria Eduarda, Maia
Helena e Maria Luiza – como nasceram prematuras, estão internadas na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Duas estão na Maternidade e uma está na UTI
Neonatal recém inaugurada do Hospital Infantil Varela Santiago.
A pernambucana Joaninha mora em Natal, no Planalto, há
mais de vinte anos, conta que sempre pensou em ser mãe, mas acreditava que
dificilmente engravidaria. “Sempre quis ser mãe. Na verdade, eu sempre fui mãe
dos outros, pois ajudei a criar meus sobrinhos e primos, mas não acreditava que
podia ser mãe”. Ela descobriu que estava grávida quando foi fazer um tratamento
renal. “Quando soube tive um choque. Um choque triplo quando descobri que era
três de uma vez só. Durante a gravidez sempre estive muito ansiosa por ver o
rostinho dela e agora eu choro porque ainda não consegui ver o rostinho delas”,
disse.
O pai dos filhos de Joaninha a abandonou assim que soube
da gravidez. Eles moraram juntos por mais de um ano. Amigos e familiares que a
ajudaram a criar as três meninas. “Não estou pensando em dar minhas filhas.
Elas são minhas e não está a venda. Graças a Deus elas nasceram bem, com saúde
e não vejo a hora de tê-las em meus braços”, ressaltou. Joaninha vem recebendo
inúmeras ajudas.
O diretor da Maternidade, Kleber Morais, conta que em
função da prematuridade e por se tratar de uma gravidez de alto risco
trigemelar foi necessário realizar o parto na tarde de ontem.
As crianças nasceram com 29 semanas e cinco dias pesando
1,065 kg, 1,066 kg e 1,090 kg e devem permanecer na UTI Neonatal por, pelo
menos, dez semanas, até atingirem o peso ideal. Durante esse período, Joaninha
fica internada na Maternidade como mãe-acompanhante. “É comum que crianças
prematuras ao nascerem fiquem em leitos de UTI. Lá elas já estão sendo
medicadas para melhorar a parte respiratória. Esperamos que a evolução seja a
melhor possível. Eles devem ficar na UTI o tempo suficiente para completar as
40 semanas de gestação, como se estivesse dentro da barriga”, afirmou o diretor
da Maternidade Januário Cicco, Kleber Morais. “O que mais me impressionou é que
apesar das dificuldades e limitações, ela consegue ver a vida de uma forma
colorida, enquanto muitas pessoas preferem olhar a vida apenas no preto e
branco”.
A obstetra Patrícia Fonseca Bezerra, chefe da Enfermaria
de Alto Risco da Maternidade, conta que após o parto, Joaninha passa bem.
Ontem, a paciente estava com problemas respiratórios por conta da compressão da
barriga, o que acelerou a necessidade de realização do parto. A gravidez de
Joaninha era de alto risco por se tratar de uma portadora de nanismo, por ser
trigemelar e por ela ser fumante. A médica disse que por enquanto não foi
identificada nenhuma característica de que as crianças também sejam portadoras
de nanismo. “A gravidez já estava comprometendo as vias respiratórias da
paciente e poderia afetar as crianças. Vimos também que os bebês não estavam
crescendo como o esperado e decidimos fazer o parto. Agora, os bebês estão bem,
mas requer cuidados. Toda prematuridade requer cuidados, por isso a necessidade
de se ficar em um leito de UTI Neonatal”, disse a obstetra.
A comunicadora e professora Régia Silveira conta que
conheceu a história de Joaninha pela televisão. “Assim que vi me apaixonei. É
uma história emocionante. Fui até a casa dela e conheci um pouco mais da
história de vida dela e não tem como não se emocionar e querer ajudar”. Em fevereiro,
Régia Silveira realizou uma festa de aniversário beneficente, em que arrecadou
1.300 fraldas para doar para as filhas de Joaninha. “Sou cristã e vivo para
servir. Fazer pelo próximo é uma forma de também estar fazendo para Cristo”,
afirmou Régia Silveira, que faz parte da Paróquia São João Batista, em Lagoa
Seca.
Recentemente, a esposa do jogador do Real Madrid, que
conheceu a história de Joaninha pela internet, entrou em contato com Setor de
Serviço Social da Maternidade Januário Cicco e fez uma doação a ela.
Desempregada, Joaninha ainda precisa da ajuda e doações das pessoas. Agora, ela
precisa de leite nestogeno, além de fraldas. As doações podem ser deixadas na
recepção da Maternidade, aos cuidados de Maria Dulcineia da Silva.
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