O Ministério Público Estadual e o Ministério da
Agricultura detectaram nesta quinta-feira, 8, mais um esquema de
adulteração do leite no Rio Grande do Sul, desta vez dentro de indústrias, na quinta
fase da Operação Leite Compensado. Portando mandados da Justiça e com apoio da
Brigada Militar, uma equipe de promotores prendeu 3 suspeitos e apreendeu 34
caminhões, documentos e produtos usados na fraude em cidades do Vale do Taquari
e da Região Metropolitana de Porto Alegre.
Segundo o Ministério Público, na nova investigação ficou
comprovado que os proprietários da Pavlat, Ércio Vanor Klein, e da Hollmann,
Sérgio Seewald, e também o responsável pela política leiteira da Hollmann,
Jonatas William Krombauer, davam ordens para que subordinados corrigissem a
acidez de leite que estava se deteriorando com a adição de produtos como
citrato, soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada. Os três foram
presos em Paverama e Imigrante, sedes, respectivamente, da Pavlat e da
Hollmann.
A investigação usou dados da Receita Estadual e descobriu
que as duas empresas compraram as substâncias em larga escala. Quase ao mesmo
tempo, 91 laudos detectaram não conformidade do leite com as normas de
qualidade exigidas pelo Ministério da Agricultura. Os promotores ligados ao
caso estimam que 1 milhão de litros de leite fora do padrão foram envasados ou
transformados em derivados e seguiram para venda no próprio Vale do Taquari, na
Região Metropolitana de Porto Alegre e em Florianópolis. Os lotes suspeitos já
teriam sido consumidos ou descartados.
"Genocídio". Ao emitir os mandados de
prisão preventiva, a juíza de Teutônia, Patrícia Stelmar Netto, chegou a tratar
o caso como de "envenenamento em massa, beirando o genocídio". A
equipe do Ministério Público foi mais branda nas palavras e admitiu que, na
maioria dos casos, o leite adulterado acaba diluído em volumes maiores, de
leite, adequado às normas.
As duas empresas investigadas não vão paralisar as
atividades. Elas entraram em Regime Especial de Fiscalização, sob intervenção
do Ministério da Agricultura. Com isso, técnicos do órgão ficarão dentro das
unidades industriais, testando todo o leite que chega e sai.
Em nota, a Inovare Beneficiadora de Alimentos, detentora
da marca Pavlat, informou que espera ter conhecimento da denúncia formal para
apresentar defesa. A Hollmann não atendeu a reportagem. A Associação Gaúcha de
Supermercados (Agas) orientou os associados a interromperem preventivamente a
comercialização dos leites das duas marcas.
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