O número de motoristas autuados por dirigir sob efeito de
álcool aumentou mais que o dobro no primeiro semestre deste ano no RN em
comparação com o mesmo período de 2013. O expressivo aumento na estatística se
deve à intensificação das operações “Lei Seca” nos últimos seis
meses. Entre 10 de janeiro e 28 de junho deste ano, o Detran/RN e o
Comando da Polícia Rodoviária Estadual (CPRE) realizaram 35 barreiras e
autuaram 1.838 condutores por dirigir após ingerir bebida alcoólica. No mesmo
período do ano passado, em que não foi feito um trabalho tão intenso de blitz
como neste ano, foram 876 autuações.
inda segundo o balanço apresentado pelo Detran, no
primeiro semestre deste ano 442 condutores foram detidos e conduzidos à
Delegacia de Plantão para serem autuadas em flagrante delito, de acordo com o
Art. 306 do Código Brasileiro de Trânsito (CBT), que é quando o motorista, por
seu grau de embriaguez, põe em risco a vida de outra pessoa.
Os índices são considerados altos pelo coordenador de Educação e Fiscalização
de Trânsito do Detran, Adryano Rocha Barbosa, porém, estão dentro do esperado,
uma vez que são reflexo do trabalho de fiscalização.
“A gente intensificou as operações e os números subiram, chegando a ficar entre
os maiores do país. Mas nossa expectativa é que essa estatística comece a
cair”, diz ele, que percebe uma significativa mudança no comportamento da
população, uma maior conscientização. Segundo Adryano, antes eram recolhidas
numa operação até 130 habilitações de motoristas flagrados dirigindo
alcoolizados, e agora, com o mesmo número de testes, são recolhidas entre 50 e
60 carteiras.
Essa conscientização também é reflexo da nova redação da lei seca, de dezembro
de 2012, que ficou mais rígida. A lei passou a aceitar, além do bafômetro,
diversos outros tipos de prova - como testes clínicos, vídeos e depoimentos. A
multa para motoristas embriagados dobrou de valor, passando de R$957,70 para
R$1915,40.
Ainda assim, o trabalho não é fácil. Não é muito raro, nas fiscalizações, os
policiais se depararem com pessoas exaltadas devido ao efeito do álcool.
Adryano Rocha Barbosa relata casos de agressões durante as blitze. Segundo ele,
uma pessoa abordada chegou a morder um policial e uma outra chutou. Há ainda
casos de corrupção ativa, de condutores que ofereceram dinheiro.
“Não foram tantos casos. A população está temendo muito essas operações devido
à seriedade. Nossa abordagem é diferenciada no país porque é feita em 100% dos
veículos. Todos são abordados e tratados da mesma forma, sem qualquer
distinção. Não existe mais esse negócio de carteirada. No começo, lá atrás, eu
cheguei a ver, mas hoje em dia não tem mais. Juiz, desembargador, o que for, a
gente trata tudo igual, educadamente. Nossa preocupação é salvar vidas e
diminuir o número de acidentes, geralmente muito graves quando envolvem
embriaguez ao volante, e isso tem um reflexo grande nos hospitais”, diz o
coordenador de Educação e Fiscalização de Trânsito.
Quanto ao perfil dos atuados, grande parte é jovem e do sexo masculino, mas há
também mulheres e idosos. Há ainda casos de reincidência, de forma geral. Os
casos são poucos, mas acontecem porque a cassação da carteira só se dá depois
do julgamento. “O grande problema é que não dá tempo de julgar e a pessoa é
pega em seguida”, diz Adryano Rocha , que sempre acompanha as operações,
realizadas, em média, por dez PMs, dois tenentes e mais seis técnicos do
Detran.
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