O Ministério Público Federal (MPF) em Mossoró recomendou
ao Ministério da Justiça e ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) a
adoção de medidas que evitem o desperdício de alimentos na Penitenciária
Federal de Mossoró. Segundo informações da direção, em média 15kg de comida são
jogados no lixo por dia, o equivalente a 450kg por mês, aproximadamente 5,4
toneladas ao ano.
O número foi informado pelo diretor da Penitenciária,
Ricardo Marques Sarto, ao procurador da República Emanuel Ferreira, autor da
recomendação. Os 15kg diários representam 17% do total de alimentos adquiridos,
que “retornam como sobra e vão para o lixo”.
Levando-se em conta os 87 presos atualmente no local, o
desperdício equivale a um prejuízo de R$ 175.328,83 ao ano. A capacidade total
do presídio é de 208 presos, mas o contrato de fornecimento das refeições prevê
em 167 a quantidade diária de fornecimento estimada. Considerando esse número,
as perdas podem chegar a R$ 350.657,66.
Os presos recebem cinco refeições diárias (desjejum,
almoço, lanche, jantar e ceia), além de uma refeição especial em datas
comemorativas. Somente no almoço são fornecidos 1kg de alimento a cada preso. O
contrato anual com a empresa fornecedora é de até R$ 2.062.692,15.
Fome - Na recomendação, o procurador
ressalta que, enquanto essa comida é desperdiçada, as Organizações das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apontam para a existência de 842
milhões de pessoas passando fome no planeta atualmente. No Brasil, segundo
dados divulgados em 2011 pelo IBGE, 35% dos habitantes passam algum tipo de
fome.
O Ministério Público Federal recomenda que o Ministério
da Justiça e o Depen encontrem formas de reduzir significativamente o
desperdício de alimentos na unidade prisional federal de Mossoró, analisando
qual das refeições é fonte de maior desperdício por parte dos presos e
suprimindo, no percentual adequado, parte do objeto do contrato de fornecimento
de alimentos (que já inclui uma cláusula prevendo a supressão de até 25% do
valor inicial).
A recomendação do MPF, contudo, alerta que as reduções
não podem vir a prejudicar o direito à alimentação adequada dos presos, mas sim
buscar “o necessário equilíbrio entre o contratado e o que deve ser consumido,
não se cogitando de qualquer perda de qualidade na alimentação fornecida”.
Reaproveitamento – Além de combater os desperdícios, o
MPF requer do Depen a elaboração de projeto que preveja alguma forma de
utilização dos alimentos não consumidos, levando em conta recomendações da FAO,
como as de proceder o reaproveitamento ou, quando isso não for possível,
promover a reciclagem.
Após notificados, o Ministério da Justiça e o Depen terão
60 dias para adotar as medidas necessárias e comprovar as ações, através do
envio da documentação à Procuradoria da República no Município de Mossoró. Do site do MPF/RN.
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