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terça-feira, 21 de outubro de 2014

ELEIÇÕES - Conheça a rotina difícil do tanatopraxista, o preparador de corpos para velórios

Por mês, são feitos procedimentos em 300 corpos na clínica (FOTO: Tribuna do Ceará/Daniel Herculano)
Ele faz milagres em quem perdeu a vida horas antes. Os batimentos cardíacos não voltam, mas José Arlindo Névoa, de 57 anos, evita que a última impressão seja a que fique sobre o ente falecido. Ele trabalha como tanatopraxista. É responsável por deixar o falecido com a melhor aparência possível para a última despedida entre os vivos.

“Para você ter uma ideia, os tanatopraxistas dizem que, quando o rosto estiver mais de 30% desfacelado, é impossível fazer a recuperação. Eu já fiz com mais de 60%”, conta. Vítimas de acidentes são os casos mais complicados. Arlindo chega a reconstruir praticamente por completo um rosto para trazer o mínimo de conforto possível a quem o vê pela última vez.

O trabalho parece, mas não tem nada de macabro, e Arlindo fez do assunto delicado uma carreira para toda a vida. O paulista trabalha no ramo há 40 anos e mora no Ceará há 12. O procedimento é quase cirúrgico. Arruma cabelo, corrige a coloração da pele, faz maquiagem, lixa as unhas, disfarça machucados e até reconstrói rostos. Faz todo o possível para que o caixão não seja lacrado. “Uma pessoa que falece de infarto do miocárdio tende a escurecer a pele. O tratamento recupera a fisionomia, traz a pele do falecido para o natural e faz a formalização para conservar o corpo”, exemplifica.

O corpo é levado diretamente do hospital para a Tanatus Clinic, em Fortaleza. “Damos um banho, desinfetamos a parte externa e, depois, começamos a trabalhar na parte interna”, conta. A preparação visa a higienizar o corpo, evitando contaminações ou qualquer tipo de vazamento de líquidos e gases durante o velório, já que o processo busca retardar a decomposição. O processo demora de 1h30 a 2 horas, em caso de morte natural. Para finalizar uma reconstrução facial depois de um acidente, por exemplo, podem ser levadas até 4 horas.

Primeiro, o sangue é substituído por um fluido de conservação (à base de formol), usando uma bomba de injeção. Saem, em média, 6 L de sangue, e entram 6 L de líquido conservante. Em seguida, retiram-se outras substâncias, como fezes e gases, com uma bomba de aspiração. Para finalizar, é feito o fechamento da boca e a maquiagem.

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