Queridos jovens!
Vós sois o sal da terra… vós sois a luz do mundo (Mt
5,13-14): eis o tema que escolhi para a próxima Jornada Mundial da Juventude.
As imagens do sal e da luz, que Jesus utiliza, são ricas de sentido,
completando-se entre si. Realmente, na antiguidade, o sal e a luz eram
considerados elementos essenciais da vida humana.
Vós sois o sal da terra… Como se sabe, uma das funções
primárias do sal é temperar, dar gosto e sabor aos alimentos. Esta imagem
recorda-nos que, através do baptismo, todo o nosso ser foi profundamente
transformado, porque «temperado» com a vida nova que nos vem de Cristo (cf. Rm
6, 4). Este sal que tem a virtude de não deixar a identidade cristã
desnaturar-se mesmo num ambiente duramente secularizado, é a graça baptismal
que nos regenerou, fazendo-nos viver em Cristo e tornando-nos capazes de
responder ao seu apelo para «oferecermos os [nossos] corpos como hóstia viva,
santa e agradável a Deus» (Rm 12,1). S. Paulo, escrevendo aos cristãos de Roma,
exorta-os a evidenciarem claramente o seu modo de viver e pensar diverso do de
seus contemporâneos: «Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos
pela renovação da vossa mente, a fim de conhecerdes a vontade de Deus: o que é
bom, o que Lhe é agradável e o que é perfeito» (Rm 12,2).
O sal foi também, durante muito tempo, o meio
habitualmente usado para conservar os alimentos. Como sal da terra, sois
chamados a conservar a fé que recebestes e a transmiti-la intacta aos outros.
Particularmente grande é o desafio que se coloca à vossa geração de manter
íntegro o depósito da fé (cf. 2Ts 2,15; 1Tm 6,20; 2Tm 1,14).
Vós sois a luz do mundo… Tanto para os primeiros que ouviram
Jesus como para nós, o símbolo da luz evoca aquele desejo de verdade e sede de
chegar à plenitude do conhecimento que estão gravados no íntimo de todo o ser
humano.
Quando a luz vai diminuindo ou desaparece totalmente,
deixa-se de poder distinguir a realidade circundante. No coração da noite,
pode-se sentir medo e insegurança, aguardando-se então com impaciência a
chegada da luz da aurora. Amados jovens, é o vosso turno de ser as sentinelas
da manhã (cf. Is 21,11-12) que anunciam a chegada do sol que é Cristo
ressuscitado!
A luz de que nos fala Jesus no Evangelho é a fé, dom
gratuito de Deus que vem iluminar o coração e esclarecer a inteligência:
«Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é que brilhou nos
nossos corações, para que irradiássemos o conhecimento da glória de Deus, que
se reflecte na face de Cristo» (2Cor 4,6). Por isto mesmo assumem um valor
extraordinário as palavras com que Jesus explica a sua identidade e missão: «Eu
sou a Luz do mundo. Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da
vida» (Jo 8,12).
O encontro pessoal com Cristo ilumina a vida com uma nova
luz, orienta-nos pelo bom caminho e leva-nos a ser suas testemunhas. O novo
modo de ver o mundo e as pessoas, que d’Ele nos vem, faz-nos penetrar mais
profundamente no mistério da fé, que não é simplesmente um conjunto de
enunciados teóricos para serem acolhidos e ratificados pela inteligência, mas
uma experiência a assimilar, uma verdade a ser vivida, o sal e a luz de toda a
realidade (cf. Veritatis splendor, 88).
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