Um homem que se passava por ‘olheiro’ de futebol na
cidade de São Paulo do Potengi, no interior do Rio Grande do Norte, teve a
prisão decretada ontem pela Justiça. Luís Carlos de Oliveira Filho é suspeito
de aliciar jovens com a promessa de ajudá-los a conseguir contratos com equipes
do futebol do Nordeste. No entanto, após cobrar valores que variavam entre R$
500 e R$ 1 mil de cada jovem, os adolescentes de 13 a 16 anos eram submetidos a
más condições de alojamento e tentativas de assédio sexual. O suspeito está
foragido.
De acordo com a investigação policial, o suspeito
utilizava o site www.olheirosfc.com.br para encontrar os jovens e, após o
contato, fazia promessas de conseguir vagas para os aspirantes a jogadores em
clubes do Nordeste. Contudo, antes mesmo de chegarem a São Paulo do Potengi, os
jovens tinham que pagar valores variáveis ao suposto olheiro.
“Quando ele estabelecia o contato, já analisava a condição da família dos
jovens, que vinham de vários estados. A maioria era humilde e ele cobrava entre
R$ 500 e R$ 1 mil, mas os meninos ficavam em péssimas condições”, garantiu o
chefe de investigação da Delegacia Regional de São Paulo do Potengi, Gustavo
Cavalcanti. “E quando passava dez dias, quinze dias, ele exigia mais dinheiro e
as famílias eram obrigadas a enviar”, acrescentou.
Segundo a Polícia, os jovens ficavam em uma pequena casa amontoados em
colchonetes e tinham alimentação precária. “Na maioria das vezes, era cuscuz e
mortadela nas três refeições”, disse Gustavo Cavalcanti.
Além das más condições de alojamento, os jovens ainda seriam alvos de assédio
sexual por parte do olheiro, que se oferecia para tomar banho com os
adolescentes ou para dividir os colchonetes durante a noite. Os 16 adolescentes
ouvidos pela polícia confirmaram que ele tentava aproximação sexual com os que
estavam na casa, mas nenhum admtiu ser vítima de abuso.
O Ministério Público denunciou Luís Carlos por violação sexual mediante fraude,
assédio sexual (duas vezes), e estelionato (oito vezes), todos do Código Penal,
além de responder também por supostamente fornecer drogas aos adolescentes.
Em sua decisão, o juiz Peterson Fernandes Braga lembrou que o suspeito já havia
sido condenado pela Justiça por prática idêntica, mas estava cumprindo pena em
regime semiaberto, o que permitia que ele continuasse aliciando menores. Além
disso, o juiz identificou a existência de prova do crime e indícios suficientes
de que o réu seja autor dos fatos, justificando a decretação da prisão
preventiva.
Foragido há aproximadamente cinco meses, Luís Carlos de Oliveira Filho está
sendo procurado pela polícia e há investigações em curso para identificar o
paradeiro do suspeito. Todos os jovens que foram aliciados foram encaminhados
aos conselhos tutelares e já retornaram às suas casas, em diversas cidades.
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