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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

CRIME - Juiz decreta prisão de ‘olheiro’

Ao acatar pedido do MP, juiz Peterson Braga lembra que suspeito estava no regime semiaberto
Um homem que se passava por ‘olheiro’ de futebol na cidade de São Paulo do Potengi, no interior do Rio Grande do Norte, teve a prisão decretada ontem pela Justiça. Luís Carlos de Oliveira Filho é suspeito de aliciar jovens com a promessa de ajudá-los a conseguir contratos com equipes do futebol do Nordeste. No entanto, após cobrar valores que variavam entre R$ 500 e R$ 1 mil de cada jovem, os adolescentes de 13 a 16 anos eram submetidos a más condições de alojamento e tentativas de assédio sexual. O suspeito está foragido.


De acordo com a investigação policial, o suspeito utilizava o site www.olheirosfc.com.br para encontrar os jovens e, após o contato, fazia promessas de conseguir vagas para os aspirantes a jogadores em clubes do Nordeste. Contudo, antes mesmo de chegarem a São Paulo do Potengi, os jovens tinham que pagar valores variáveis ao suposto olheiro.

“Quando ele estabelecia o contato, já analisava a condição da família dos jovens, que vinham de vários estados. A maioria era humilde e ele cobrava entre R$ 500 e R$ 1 mil, mas os meninos ficavam em péssimas condições”, garantiu o chefe de investigação da Delegacia Regional de São Paulo do Potengi, Gustavo Cavalcanti. “E quando passava dez dias, quinze dias, ele exigia mais dinheiro e as famílias eram obrigadas a enviar”, acrescentou.

Segundo a Polícia, os jovens ficavam em uma pequena casa amontoados em colchonetes e tinham alimentação precária. “Na maioria das vezes, era cuscuz e mortadela nas três refeições”, disse Gustavo Cavalcanti. 

Além das más condições de alojamento, os jovens ainda seriam alvos de assédio sexual por parte do olheiro, que se oferecia para tomar banho com os adolescentes ou para dividir os colchonetes durante a noite. Os 16 adolescentes ouvidos pela polícia confirmaram que ele tentava aproximação sexual com os que estavam na casa, mas nenhum admtiu ser vítima de abuso.

O Ministério Público denunciou Luís Carlos por violação sexual mediante fraude, assédio sexual (duas vezes), e estelionato (oito vezes), todos do Código Penal, além de responder também por supostamente fornecer drogas aos adolescentes.

Em sua decisão, o juiz Peterson Fernandes Braga lembrou que o suspeito já havia sido condenado pela Justiça por prática idêntica, mas estava cumprindo pena em regime semiaberto, o que permitia que ele continuasse aliciando menores. Além disso, o juiz identificou a existência de prova do crime e indícios suficientes de que o réu seja autor dos fatos, justificando a decretação da prisão preventiva.

Foragido há aproximadamente cinco meses, Luís Carlos de Oliveira Filho está sendo procurado pela polícia e há investigações em curso para identificar o paradeiro do suspeito. Todos os jovens que foram aliciados foram encaminhados aos conselhos tutelares e já retornaram às suas casas, em diversas cidades. 

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