O projeto Vale Sustentável, coordenado pelo engenheiro
agrônomo Francisco Auricélio de Oliveira Costa, presidente da Associação
Norte-Rio-Grandense de Engenheiros Agrônomos (Anea), promoverá o
reflorestamento do Vale do Açu, no Rio Grande do Norte, que sofre forte ação de
degradação.
O projeto foi selecionado para apoio pelo Programa
Petrobras Socioambiental e receberá, em dois anos, R$ 2,8 milhões para
recuperação de área superior a um milhão de metros quadrados de áreas
degradadas.
Costa destacou que o Vale do Açu sofre degradação ambiental com a extração de
argila, para produção de tijolos e telhas para o parque ceramista, e lenha para
queimar esses produtos. “Este é o dano maior. Isto vem sendo operado em escala muito
larga no Rio Grande do Norte”, lamentou.
As cerâmicas produzidas abastecem mercados do estado e
também de Pernambuco, da Paraíba e parte do Ceará, “o que causa degradação
muito forte. Este é o cenário”. Com base nessa constatação, foi idealizado o projeto
Vale Sustentável para participar do edital socioambiental da Petrobras. A meta
é recuperar boa parte das áreas degradadas, tornando o trabalho referência,
“porque ninguém faz isso na região”.
Auricélio Costa informou que cerca de 65 mil mudas
de espécies nativas, com cajueiros, umbuzeiros, juazeiros e cajaranas, são
cultivadas para o reflorestamento do Vale do Açu. O plantio ocorrerá entre os
meses de março e maio deste ano, por moradores de assentamentos da reforma
agrária, que são áreas de domínio público, chamadas reservas legais.
O presidente da Anea explicou que as comunidades
assentadas são induzidas a participar do projeto, por meio de ações de
educação ambiental, “porque não basta você ir em uma área degradada e plantar
as mudas. Se a comunidade não for educada, conscientizada para fazer mais, não
ajudará o projeto”. Costa salientou que, como as comunidades precisam de
renda, as pessoas que participarem do plantio serão remuneradas. “Não é um
trabalho voluntário”, disse.
As comunidades envolvidas participam de cursos de
conscientização ambiental. Elas são preparadas para que não desmatem e
recuperem áreas degradadas. "Com isso, conseguiremos manter uma reserva de
cerca de 600 mil hectares como patrimônio”.
Além da recuperação de áreas, o projeto pretende formar
uma rede de 40 coletores de sementes, regulamentados pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Cursos de
capacitação são ministrados sobre recursos naturais, tratamento de resíduos
sólidos e lixo nas agrovilas.
Segundo Costa, a maior dificuldade foi conseguir sementes
para o início do projeto. A ideia é formar coletores que fornecerão sementes
para o projeto, entidades públicas e viveiros privados da região. O projeto
prevê, ainda, a formação de 40 jovens agentes ambientais da rede pública de
ensino, na faixa etária de 12 a 18 anos, para monitoramento das reservas
ambientais.
As informações mapeadas do projeto também servirão de
subsídio para trabalhos desenvolvidos por institutos federais da região.
Costa prevê concluir o projeto até o fim deste ano.
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