Todos os condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados às famílias mais
pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no município do Rio são alvo da
ação de grupos criminosos. Após três meses de apuração, o EXTRA revela que, nos 64 conjuntos já construídos pelo programa federal, as
18.834 famílias beneficiadas são submetidas a situações como expulsões,
reuniões de condomínio feitas por bandidos, bocas de fumo em apartamentos,
interferência do tráfico no sorteio dos novos moradores, espancamentos e
homicídios.
Para chegar a essa constatação, mais de 200 pessoas foram
ouvidas, entre moradores, síndicos, policiais civis e militares, promotores,
funcionários públicos e terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso,
foram analisados documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da
Secretaria municipal de Habitação, do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica
Federal e do Ministério das Cidades, parte deles obtidos por meio da Lei de
Acesso à Informação. O material dá origem à série de reportagens “Minha casa,
minha sina”, que começa a ser publicada neste domingo.
No primeiro capítulo da série, o EXTRA revela que pelo
menos 80 famílias foram expulsas do condomínio Haroldo de Andrade I, em Barros
Filho, Zona Norte do Rio, após uma ordem do criminoso mais procurado do Rio,
Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy. Uma investigação da Polícia Civil mostra que
o chefe do tráfico do Complexo da Pedreira, em Costa Barros — bairro vizinho ao
conjunto —, distribuiu os apartamentos, que as famílias beneficiadas foram
obrigadas a deixar, entre aliados.
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