O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (FAERN), José Vieira, concedeu entrevista neste domingo ao site da Tribuna do Norte e falou das dificuldades para manter o abastecimento
d’agua para a população no interior do Estado, queda nas safras, nas plantações, diminuição dos rebanhos entre outros assuntos. Retiramos da entrevista os trechos que fala sobre a Termoaçu e o Baixo-Açu. Caso queira acompanhar a entrevista completa acesse aqui
Antes, a frente de produção da agricultura irrigada era
no Vale do Açu. Lá tem havido uma queda de braço com a ANA para manter a oferta
d’agua aos irrigantes. Como está a situação por lá?
Lá, nós temos duas áreas. A primeira etapa, que é a do Distrito Irrigado, vai
muito bem. Temos a produção de frutas, mas existe a preocupação com uma
diminuição ainda maior na vazão da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves. A
produção de lá é de irrigação perene, com banana, manga, grama, mamão… você não
pode deixar de irrigar. Então, o distrito está perfurando poços, com a
autorização da Agência Nacional de Aguas, perto do rio, e ajuda do governo do
Estado que cedeu às perfuratrizes, para suprir essa falta. Lá a situação é
difícil porque você tem a produção irrigada, a captação da adutora para Mossoró
e a Termoaçu que é uma grande consumidora de água.
Você também defende a proposta de que a Termoaçu deveria ser desativada e essa
água ir para os irrigantes?
Não. Eu acho que tem uma alternativa melhor. Eu acho que a Termoaçu tem que
participar no custo da produção de água para a região. Por exemplo: custeando a
perfuração de poços. Ela também pode precisar desses poços e, com eles, poderia
ajudar o distrito irrigado a manter a produção. A Termoaçu deve entrar nesta
conta, de perfuração e instalação dos postos. Isso tem sido discutido. É
importante salientar que a Termoaçu não paga impostos no Estado. Ela é isenta e
ela fatura mais de R$ 120 milhões/mês para a Petrobras. Hoje, a Termoaçu é a
Petrobras. Então, elas tem que entrar neste conjunto de ações, não podem ficar
à parte.
De quanto seria esse custo, para uma rede de poços no Baixo Assu?
Em conversa que tive com Guilherme Saldanha (presidente do Distrito Irrigado do
Baixo Açu) ele acha que o custo mensal seria em torno de R$ 600 mil mensais. É
um custo que daria para a Termoaçu absorver, integralmente. Isso tem sido
discutido entre o pessoal do distrito e a Termoaçu. Os dois precisam dar as
mãos para escaparem dessa situação. As conversas tem evoluído e, acredito, já
está a nível de diretoria na Petrobras. Não tem governo no meio.
O governo não tem participado dessa discussão, mas como você avalia as ações do
poder público para enfrentar o quadro geral da seca no Estado?
Precisamos entender que a situação financeira econômica do governo é muito
grave. A alternativa, e eu vem batendo nesta tecla, é o Estado eleger
prioridades. Se chegarmos com cinco,s eis, sete demandas em Brasília, não vamos
conseguir viabilizar nenhuma. Acredito que estamos caminhando neste sentido.
Perfurar e instalar poços é uma questão urgente. Precisa, também levar uma
alternativa para aquela 1.200 famílias no percurso do Piranhas-Açu que foram
proibidas de fazer irrigação. Elas estão sem produzir, deixaram de ter renda e
o governo, especialmente o governo federal, deu as costas para essas famílias.
Precisamos de programas de fomento, a cargo da Defesa Civil; de obras
estruturantes; programas para os pequenos produtores; instalar dessalinizadores…
Agora, nossas precisamos que essas ações venham na quantidade e na
velocidade necessárias para atender.
Sobre essas 1.200 famílias, que tipo de alternativa é possível para atendê-las
até que voltem a produzir?
Nós precisamos criar alguma bolsa, alguma coisa concreta tipo a ajuda que se dá
aos pescadores no período do defeso. Uma espécia de bolsa-estiagem. Essas
famílias estão completamente indefesas. Eu já conversei sobre isso na ANA, no
Ministério da Agricultura, mas sei que não é fácil em função do momento da
crise econômica que estamos vivendo. Mas, isso é muito pouco para o governo
federal, diante da importância que é ajudar essas famílias do Piranhas/Açu.
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