A Petrobras Biocombustível no Rio Grande do Norte
confirmou, ontem, o fim da operação comercial da Usina de Biodiesel de Guamaré,
a 173 quilômetros a noroeste de Natal. Através de nota, a empresa informa que
“o foco exclusivo da unidade voltará a ser a pesquisa e o desenvolvimento
tecnológico para a produção de biodiesel”.
A decisão, segundo a companhia, foi tomada após uma avaliação detalhada do
desempenho da unidade desde que passou a operar comercialmente a partir de
junho deste ano. Não foram divulgadas mais informações sobre esse desempenho. De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a autorização para a
entrada em operação da Usina de Biodiesel de Guamaré saiu no “Diário Oficial da
União” (DOU) de 13 de fevereiro deste ano, enquanto a autorização para
comercialização foi publicada em 13 de maio.
O Boletim Mensal da ANP informa que a unidade estava autorizada a produzir 56
metros cúbicos de combustível por dia.
Já em relação ao último leilão realizado pela ANP, o de número 44, a
Petrobras Biocombustível havia se habilitado a negociar 1.010 metros
cúbicos de biocombustível, no valor total de R$ 2.526.000.
A usina de biodiesel de Guamaré foi construída em 2006,
para o desenvolvimento de pesquisas voltadas para a produção de biodiesel,
possuindo pequena capacidade de produção. “A unidade deixará de participar dos
leilões da ANP, mas fará todas as entregas acordadas no último certame. A
equipe de cinco empregados será alocada em outras unidades da companhia”, diz
ainda a Petrobras, por meio de nota divulgada através da assessoria de
imprensa.
Repúdio
O Sindicato dos Petroleiros no Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN) manifestou
“repúdio” à decisão da Petrobras de encerrar as atividades da usina. “Além de
causar perplexidade e repulsa na sociedade, a determinação amplia ainda mais o
sentimento de indignação da categoria petroleira norte-rio-grandense com a
orientação gerencial que vem sendo imposta pelo atual Conselho de Administração
da companhia, eleito em abril”, diz o Sindicato, em nota.
Segundo o Sindicato dos Petroleiros, a usina de biodiesel atravessou longo
período em fase experimental e, depois de realizar uma série de obras e
adaptações que totalizaram investimentos estimados em pelo menos R$ 5,1
milhões, a unidade recebeu da ANP as autorizações para operar (fevereiro) e
comercializar (maio) a produção.
A partir de então, a planta de biodiesel começou a ter uma utilização mista,
com foco no mercado, mas sem deixar de desenvolver pesquisas para o
desenvolvimento tecnológico na área de biodiesel.
O Sindicato informou que a usina tinha capacidade para produzir 20,1 milhões de
litros de biodiesel por ano, e até a quarta-feira (30), vinha operando
com óleo de algodão semirrefinado e óleo de soja refinado, adquiridos nos
Estados do Ceará e da Bahia, já que a produção potiguar de mamona e girassol foi
duramente afetada pela seca.
A direção da Unidade, entretanto, mantinha entendimentos com o Governo do
Estado do RN a fim de que fossem desenvolvidas, em âmbito local, cadeias de
suprimento de oleaginosas para dar suporte às atividades produtivas.
- O que
O biodiesel é um combustível produzido a partir de óleos vegetais ou de
gorduras animais.
- Como
Dezenas de espécies vegetais no Brasil podem ser usadas na produção, entre elas
soja, dendê, girassol, babaçu, amendoim, mamona e pinhão-manso.
- Por que
Além de contribuir para a diminuição da dependência do diesel importado, o
biodiesel traz outros efeitos benéficos o incremento a economias locais e
regionais. Também tem efeito positivo para o meio ambiente, já que acarreta na
diminuição das principais emissões de gases veiculares em comparação ao diesel
derivado do petróleo.
Sindicato critica decisão e avalia efeito
Para o Sindipetro a decisão da Petrobras vai de encontro ao discurso da
presidente Dilma Rousseff, que em Conferência da ONU para a Agenda de
Desenvolvimento Pós-2015, em Nova York, anunciou que, até 2030, o Brasil
pretende garantir um total de 45% de fontes renováveis em sua matriz
energética, com a participação de 16% de etanol carburante e das demais
biomassas, neste total.
O Sindipetro avalia que sob o argumento da necessidade de redução do
endividamento e de aumento da remuneração dos acionistas, vai se desenhando um
modelo de empresa segmentada, focada na produção e exportação de óleo cru, “sem
qualquer preocupação com a promoção e geração de mais empreendimentos e
empregos de qualidade no País, fazendo com que economias locais em que a
indústria do petróleo tenha peso significativo, como a do Rio Grande do Norte,
sejam duramente atingidas”.
Antes da decisão de fechamento, a Usina de Guamaré já processava 30
toneladas/dia de matéria prima e, pela capacidade instalada, teria potencial
para aquisição de 20 mil toneladas/ano de óleo vegetal e gordura animal.
30 - Toneladas/dia de matéria-prima. É a capacidade instalada da usina.
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