Após dois anos à espera de um acordo com
a Petrobras e com dívidas de R$ 14 bilhões, a Sete Brasil vai entrar com pedido
de recuperação judicial. A decisão ocorreu em assembleia de acionistas
realizada ontem no Rio, onde o processo será aberto já na próxima semana.
Depois de oficializar o pedido de recuperação, a empresa terá 60 dias para
apresentar uma proposta aos credores e acionistas.
Em discussão desde dezembro do último ano, a opção pelo
pedido de recuperação judicial só foi tomada após a mudança no voto da Petros,
o fundo de pensão dos trabalhadores da Petrobrás. Entre os grandes acionistas,
o fundo dos petroleiros era o único acionista a resistir à recuperação, por
orientação da própria estatal. Investidores como BTG, Funcef e Previ já
reconheceram oficialmente perdas de R$ 2,6 bilhões com a empresa, e
pressionavam pela recuperação judicial.
Com o Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco,
Santander e Standard Chartered, a empresa pegou empréstimos de cerca de R$ 12
bilhões. Os bancos recuperaram cerca de R$ 4 bilhões desse total em fevereiro,
quando conseguiram sacar recursos do Fundo Garantidor da Construção Naval
(FGCN), que garantia os financiamentos à Sete. O restante dos débitos, porém,
deve entrar como baixa nos balanços. O BB é o maior financiador. Procurados, BB
e Bradesco não comentaram. Os outros não responderam até o fechamento desta
edição.
A recuperação da empresa será conduzida pelo escritório
de advocacia Sérgio Bermudes, além da consultoria Alvarez & Marsal, que já
atuava dentro da Sete Brasil, na análise de propostas para reestruturação do
contrato com a Petrobrás desde fevereiro. A previsão dos sócios da empresa é de
que o processo seja aberto em uma Vara Empresarial da Justiça do Rio de Janeiro
na próxima semana. A empresa tem duas sondas com quase 90% de avanço físico
e outras seis com mais de 40% de obras concluídas. Todas as obras estão paradas
desde novembro, em função das dívidas com estaleiros. O contrato original
previa a construção de 28 sondas e o aluguel para a Petrobrás por 25 anos a
taxas superiores às do mercado.
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