O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato
no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura do inquérito contra a
presidente afastada Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e dois ex-ministros do governo da petista, segundo fontes com acesso à
investigação. Em despacho desta segunda-feira, 15, o ministro autorizou a
realização de diligências no caso – andamento processual que é praxe após a
abertura das investigações. O caso é mantido sob extremo sigilo no STF.
Em junho, Teori encaminhou de volta ao procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, o pedido de investigação feito pelo Ministério
Público. Na ocasião, o ministro informou ao procurador-geral que havia anulado
a gravação em que Lula e Dilma conversavam sobre a entrega do termo de posse do
petista como ministro da Casa Civil. O diálogo é um dos indícios considerados
por Janot como indicativo da tentativa de obstrução de justiça.
A PGR quer investigar suposta tentativa de atrapalhar as
investigações da Operação Lava Jato pela presidente afastada e pelo
ex-presidente e também pelos ex-ministros Aloizio Mercadante e José Eduardo
Cardozo. O pedido de investigação foi encaminhado ao STF em maio Com a autorização de Teori, PGR e Polícia Federal poderão
conduzir investigações com objetivo de conseguir provas de que houve tentativa
de obstruir a Lava Jato. Após a realização de diligências, a PGR pode pedir o
arquivamento da investigação – se entender que não há indicativos concretos de
crime – ou oferecer uma denúncia ao STF, que é uma acusação formal.
Obstrução. Para os investigadores, a nomeação de
Lula para a chefia da Casa Civil fazia parte de um “cenário” em que foram
identificadas diversas tentativas de atrapalhar o andamento da Operação Lava
Jato. No áudio gravado, e considerado inválido por Teori, Dilma
promete entregar ao ex-presidente o termo de posse como ministro para que Lula
usasse “em caso de necessidade”. A conversa é vista por investigadores como
indicativo de que a nomeação para o ministério tinha a intenção de conferir ao
ex-presidente foro privilegiado e, por isso, evitar um decreto de prisão pelo
juiz que conduz a Lava Jato em Curitiba, Sérgio Moro.
Ao Supremo, Janot defendeu a continuidade das
investigações mesmo após a anulação do áudio entre Dilma e Lula por Teori. Para
os investigadores, há outros indícios que fundamentam a investigação.
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