Os advogados do Senado protocolaram um recurso no Supremo
Tribunal Federal (STF) na manhã desta terça-feira, 6, contra a decisão do
ministro Marco Aurélio Mello que afastou o
senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência da Casa. Na peça, o Senado
argumenta que a decisão do ministro do STF fere princípios constitucionais,
entre eles o da separação entre os poderes.
Para pedir a análise do caso com urgência pelo STF, os
advogados apontam que o afastamento do peemedebista pode prejudicar a votação
da PEC do Teto de gastos públicos. “Não é nenhum segredo que a administração da
pauta de votações do Senado Federal resulta de acordo de líderes e da vontade
do Presidente da Casa; e, nestes componentes, a posição do Presidente é
determinante para o seu sucesso. O afastamento do Presidente do Senado às
vésperas do recesso constitucional enseja enorme risco para a manutenção do
andamento normal dos trabalhos legislativos”, escreveram os advogados da Casa.
Na peça, o Senado pede em nome do peemedebista que o
ministro Marco Aurélio reconsidere a decisão de segunda-feira ou então que
a liminar seja julgada o quanto antes pela Corte – em sessão extraordinária
convocada para isto ou, “no máximo”, na primeira sessão ordinária, prevista
para esta quarta-feira, 7. O ministro tem sinalizado que deve pedir
manifestação de órgãos como a Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Advocacia-Geral
da União (AGU) antes de liberar o caso para o plenário, o que poderia atrasar a
análise do afastamento de Renan pelo plenário do STF.
O caso também pode ser levado ao plenário se o ministro
Dias Toffoli liberar pedido de vista feito em ação que discute a possibilidade
de réus assumirem cargo na linha sucessória da Presidência da República. Há
ainda uma ação com o ministro Luiz Edson Fachin sobre o mesmo tema, no qual o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede o afastamento de Renan da presidência do
Senado.
Pauta. A presidente do STF, ministra
Cármen Lúcia, afirmou na manhã desta terça que irá incluir o caso na pauta
do plenário tão logo o processo seja liberado por um dos relatores. “Tudo o que
for urgente para o Brasil eu pauto com urgência”, afirmou Cármen.
No recurso ao Supremo, os advogados do Senado afirmam que
um Poder da República só pode interferir em outro quando há “ostensivo abuso de
direito”. “A decisão liminar violou a prerrogativa soberana de os Membros do
Senado Federal escolherem seu Presidente. Ademais, há uma injusta e
desproporcional perturbação da ordem pública em suas dimensões econômica,
jurídica e política, a impor a revogação autônoma ou a cassação heterônoma da
decisão impugnada”, escreveram os advogados da Casa.
É usado ainda o argumento de que a decisão de recebimento
da denúncia contra Renan, que o tornou o réu perante o STF no último dia 1º,
ainda não tem eficácia, já que não foi publicada oficialmente. Por isso,
sustentam os advogados do Senado, ainda estão pendentes recursos contra a
decisão da Corte que abriu ação penal contra o senador por peculato. “Não é
possível utilizá-la como pressuposto de fato do afastamento cautelar do
agravante da Presidência do Senado Federal”, afirmam. ESTADAO
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