A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen
Lúcia, deve se posicionar antes do fim do recesso do Judiciário sobre os
processos da Lava Jato, que estavam com o ministro Teori Zavascki, morto em
queda de avião na última quinta-feira, avaliou uma fonte com conhecimento do
assunto.
A fonte, no entanto, não pôde detalhar se até o final do
mês a ministra definirá um novo relator para os processos da Lava Jato ou se
dará apenas andamento à homologação de delações premiadas de 77 executivos da
Odebrecht, até então prevista para ocorrer em fevereiro e paralisada após a
morte do ministro. Cármen Lúcia não tem o perfil de decidir com afobação,
mas também não é de ficar “enrolando”, acrescentou a fonte.
Assim como em outros temas difíceis que enfrentou ao
longo de sua atuação na Corte, a ministra passou a tarde consultando colegas, e
falou com a maioria dos integrantes do Supremo. Também recebeu a visita do
procurador-geral da República, Rodrigo Jantot, que, segundo a assessoria da
PGR, prestou suas condolências à presidente do Supremo. Cármen Lúcia também se reuniu com os juízes auxiliares de
Teori, responsáveis por tocar os trabalhos da homologação. A ministra dedicou
ainda boa parte do dia a uma visita ao gabinete do ministro, onde se encontrou
com funcionários e assessores muito emocionados.
O que a presidente do STF já decidiu é que não haverá a
sessão solene de reabertura dos trabalhos do Judiciário, no dia 1º de
fevereiro, tradicionalmente realizada com pompa e convidados. No lugar, a
primeira sessão do ano será iniciada com homenagens a Teori. Ainda não está claro que dispositivo do regimento interno
do STF será utilizado para definir os próximos passos da Lava Jato na Corte, já
que há mais de uma possibilidade. Uma das saídas seria passar a relatoria do
caso para o sucessor de Teori, a ser indicado pelo presidente Michel Temer e
aprovado pelo Senado. Mas o presidente, senadores e membros do governo são
citados em delações da Lava Jato, e o próprio Temer já avisou que indicará um
novo ministro apenas após a definição da relatoria.
Outro artigo do regimento prevê a redistribuição do
processo em casos excepcionais a partir de um pedido do Ministério Público ou
de parte interessada. Neste caso, há dúvidas se essa redistribuição teria de contemplar
apenas ministros da Segunda Turma, à qual pertencia Teori, ou se todos os
ministros da corte. (Reportagem de Maria Carolina Marcello)
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