Na semana passada, três governadores de estados do
Nordeste se encontraram com o também nordestino ministro de Minas e Energia, o
pernambucano Fernando Coelho Filho (PSB). Os governadores foram a Brasília para
pressionar o governo federal para que ele volte a investir em energia eólica e
solar. O Nordeste é hoje um dos principais polos de energia renovável do
Brasil, em especial de eólica - a região concentra 82% da energia dos ventos
gerada no país. No final de 2016, o governo federal cancelou a contratação de
projetos eólicos. A perspectiva de ficar sem investimentos acendeu o sinal
amarelo para os políticos da região e para as indústrias do setor.
Até o final do ano passado, as indústria eólica não sabia
o que era crise. Em 2015, por exemplo, ano em que o PIB do Brasil caiu 3,8%, o
setor de eólica cresceu 46%. Só no ano passado, a capacidade instalada de
eólica no país aumentou em 2.564 megawatts, a segunda fonte de energia que mais
cresceu, atrás apenas de grandes hidrelétricas. Desde o início das construções
dos primeiros parques eólicos, o setor já movimentou R$ 60 bilhões em
investimentos no país.
A crise, porém, parece enfim ter chegado também ao setor.
Em 2016, pela primeira vez o governo não promoveu nenhum leilão para contratar
projetos de energia eólica. O único previsto, de compra de energia de reserva,
foi cancelado cinco dias antes do certame, em 14 de dezembro. E não há previsão
de leilões em 2017. "O cancelamento do leilão trouxe um efeito muito
negativo para o investimento", diz Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica,
associação de empresas do setor. "Os investidores vivem de expectativa,
planejam o futuro, e aí investem. Eles estavam prontos para investir pelo menos
R$ 8 bilhões. Estamos abrindo mão desses investimentos".
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